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terça-feira, 30 de outubro de 2007

POLÍTICAS PÚBLICAS PARA A JUVENTUDE: momento de participação!

Jovens: ‘vós sois fortes, e a palavra de Deus permanece em vós,
e sois vencedores do Maligno’.

(I Jo 2.14)

Nós – jovens evangélicos de onze diferentes denominações e provenientes de 12 unidades da federação, atuantes em nossas igrejas e/ou em organizações evangélicas de juventude – conclamamos os jovens e as jovens evangélicas a participarem dos processos relacionados às discussões sobre as Políticas Públicas de Juventude em curso no Brasil neste momento.

Ao olharmos para a Igreja Evangélica Brasileira percebemos um enorme potencial para a transformação social. De certa forma, a afirmação de que o jovem contemporâneo é apático em relação a qualquer tipo de organização, não se aplica à juventude evangélica. É notável a importância que a igreja dá aos jovens, dando-lhes ministérios como o de louvor e adoração, diaconia, etc. Porém, é preciso que nossas igrejas percebam a capacidade de cada jovem em ser uma agente de transformação. Deus nos chama para sermos profetas em meio a um mundo extremamente desigual economicamente, culturalmente e religiosamente. A juventude evangélica não pode restringir sua participação à organização eclesial; é preciso arregaçar as mangas e amar cada brasileira e brasileiro, reconhecendo neles a imagem de Deus.

Nosso contexto não é muito animador, dados do IBGE, DIESSE, Ministério da Educação, Instituto Cidadania, Banco Mundial, BID, CEPAL, PNUD e UNESCO nos ajudam a dimensionar a situação da juventude no Brasil:

(a) São acerca de 50 milhões de pessoas, 26,4% da população;
(b) Entre os desempregados, 45,5% são jovens; 20,7% são os jovens que possuem alguma ocupação.
(c) Cerca de 3 Milhões de jovens não são alfabetizados. De cada 10 alunos que terminam o 3º ano do ensino médio, 4 destes têm mais de 17 anos e estão em defasagem escolar;
(d) No período entre 1993 a 2002, os homicídios envolvendo jovens passou de 30.586 para 49.6470; as mortes de jovens representaram 62,3% de mortes neste período de 9 anos.
(e) Os jovens sofrem mais com a pobreza do que os idosos. Há uma concentração da pobreza entre a população jovem latino-americana que supera a média de outros estratos populacionais.

Além destes dados, temos uma crise de desesperança que invade o coração de muitos de nós e da juventude de nosso país. A geração atual tem sido chamada de “geração desencantada”. É presente entre muitos jovens a opção simplista de apatia. Mas, também em dias de total desencanto, Deus visitou Ezequiel (Ez 1.1). E, hoje, clamamos ao Senhor para que Ele também nos visite e recebamos dele visões, assim como Ezequiel. Como os profetas, queremos viver os dois eixos da visão: a real visão do mundo que o cerca, do sofrimento causado pelo pecado; e também receber do Senhor visões da Sua glória e do Seu poder, do Seu amor por essa geração que perece sem Ele.

Entendemos que Deus nos chama ao inconformismo (Rm. 12.1-2), e o santo inconformismo nos direciona para um comprometimento inegociável com o Reino de Deus e a Sua justiça. Porém, a simples inconformação nos levaria a amargura e ao desespero. O que esperamos é experimentar a vontade de Deus no mundo. Assim, queremos ser santos como o profeta Isaías, ou como o pastor Martin Luther King Jr., defensor das igualdades entre as raças e dos direitos civis nos Estados Unidos, que escreveu na carta da prisão de Birmingham: “Tenho chorado de desapontamento com a frouxidão da igreja...” (...) No alto do Calvário três homens estão pendurados em cruzes pelo crime de extremismo: dois extremistas da imoralidade e um extremista do amor. O mundo precisa mais do que nunca de extremistas criadores.”

Os últimos anos têm representado momento propício para a participação na esfera política, uma vez que estamos sob uma democracia em que elegemos nossos governantes há quase vinte anos. Diferentemente do que vivíamos na ditadura, em que o Estado se encontrava em oposição à população; hoje ele é fruto do voto e do desejo da maioria. Temos o dever e o direito de acompanhá-lo, fiscalizá-lo, questioná-lo, influenciá-lo e criticá-lo. Além disso, consideramos que o chamado à construção do Reino de Deus é uma tarefa muito maior do que as escolhas que possamos fazer. Ele nos chama tanto para lutar pela emancipação das pessoas de sua situação de opressão (“soltes as ligaduras da impiedade, desfaças as ataduras da servidão, deixes livres os oprimidos e despedaces todo o julgo” Is 58:6); quanto nos pede para vesti-las e saciá-las a fome (“é também que repartas o teu pão com o faminto, e recolhas em casa os pobres e desabrigados, e, se vires o nu, o cubras, e não te escondas do teu semelhante” Is 58:7).

O que está em jogo neste momento são discussões que dão subsídios e suporte para toda uma legislação e ação de Estado para a Juventude, definida pela legislação como o período de tempo entre 15 e 29 anos. A Conferência Nacional de Juventude pretende contribuir na mudança da compreensão da sociedade sobre o tema juventude: promover o direito à participação; identificar desafios e prioridades de atuação para o poder público; e fortalecer a rede social e institucional relacionada ao tema. Antes da Conferência Nacional, que acontecerá em Brasília de 27 a 30 de abril de 2008, acontecerão etapas preparatórias como as Pré-Conferências e as Conferências Livres, e as etapas eletivas, que elegem delegados para a etapa nacional, que são as Conferências Municipais e as Estaduais. Maiores informações sobre a Conferência Nacional de Juventude podem ser encontradas no sítio http://www.juventude.gov.br.

Ocorrerá no dia 10 de dezembro a Assembléia de Eleição dos Representantes da Sociedade Civil, que definirá a composição do Conselho Nacional de Juventude (CONJUVE) para o Biênio 2008 a 2010 (edital disponível em http://feppj.wordpress. com). Identificamos este momento como adequado e crucial para uma maior e efetiva participação das juventudes evangélicas nas Políticas Públicas de Juventude, as organizações interessadas devem se inscrever até o dia 1 de novembro. Com o objetivo de aprofundar e ampliar o debate, gostaríamos de convidar as organizações de juventude evangélicas e seus colaboradores para participarem do II Seminário de Políticas Públicas de Juventude, evento que ocorrerá no dia 09 de dezembro, em Brasília. Maiores informações poderão ser encontradas em http://feppj.wordpress. com ou pelo endereço eletrônico: ppj@abub.org. br.

Esta conclamação é fruto de nosso encontro, no qual nos reunimos para orar, ler a Palavra, conhecer e discutir as Políticas Públicas de Juventude de nosso País. Este momento ocorreu em Brasília, entre 14 e 16 de setembro de 2006, no Seminário de Políticas Públicas de Juventude organizado pela Rede FALE e pelo Movimento Evangélico Progressista (MEP), com o apoio da Visão Mundial e do CONJUVE. Esperamos poder contribuir na reflexão e nas práticas em prol de um maior engajamento social, político e cidadão dos cristãos evangélicos, assumindo uma perspectiva crítica tanto em relação ao papel do Estado como da sociedade civil organizada. O mundo precisa de jovens, homens e mulheres, pobres de espírito, mansos, que tenham fome e sede de justiça, misericordiosos, limpos de coração, pacificadores, que sofram perseguição por uma causa justa, por que deles é o Reino dos Céus. Acreditamos que Deus é poderoso para fazer uma transformação em nossa sociedade muito maior, além daquilo que pedimos ou pensamos, segundo o poder que em nós opera.

Assinam:

Alexandre Brasil, Rio de Janeiro/RJ, FALE, Presbiteriana;

Ariane Caixeta, Goiânia/GO, ABUB, Cristã Evangélica;

Caroline Santos, Brasilía/DF, MEP, Grão de Mostarda;

Christie Temporim, Belo Horizonte/MG, MEP, Batista Nacional;

Elteney Júnior, Goiânia/GO, MPC, Presbiteriana;

Elter Nehemias, Brasilía/DF, FALE, Congregacional;

Felipe Locatelli, Hortolândia/SP, MEP, Nazareno;

Franqueline Terto, Maceió/AL, FALE, Batista;

Helivete Bezerra, Recife/PE, MEP, Batista;

José Silva Júnior, Belém/PA, MEP, Assembléia de Deus;

Leandro Ambrosio, Belo Horizonte/MG, JUBAM, Batista;

Leandro Silva, Natal/RN, FALE, Casa da Bênção;

Patrick Timmer, Campinas/SP, ABUB, Luterana;

Ricardo Nascimento, Mata S.João/BA, MEP, Batista;

Robinson de Souza, Londrina/PR, MEP, Presbiteriana;

Ronilso Pacheco, São Gonçalo/RJ, Fórum 21, Comunidade S8;

Sergio de Freitas, Vitória/ES, JUMOC, Batista;

Shalon Lages, Salvador/BA, JUMOC, Batista;

Tatiana Koschelny, Bauru/SP, ABUB, Batista.

sexta-feira, 26 de outubro de 2007

Mensagem do Rev. John Stott, em Keswick



“O PARADIGMA: TORNANDO-NOS MAIS SEMELHANTES A CRISTO”
Rev. John Stott («)

Lembro-me muito claramente de que há vários anos, sendo um cristão ainda jovem, a questão que me causava perplexidade (e a alguns amigos meus também) era esta: Qual é o propósito de Deus para o seu povo? Uma vez que tenhamos nos convertido, uma vez que tenhamos sido salvos e recebido vida nova em Jesus Cristo , o que vem depois? É claro que conhecíamos a famosa declaração do Breve Catecismo de Westminster: “O fim principal do homem é glorificar a Deus, e gozá-lo para sempre”. Sabíamos disso e críamos nisso. Também refletíamos sobre algumas declarações mais breves, como uma de apenas sete palavras: “Ama a Deus e ao teu próximo”. Mas de algum modo, nenhuma delas, nem outra que pudéssemos citar, parecia plenamente satisfatória. Portanto, quero compartilhar com vocês o entendimento que pacificou minha mente à medida que me aproximo do final de minha peregrinação neste mundo. Esse entendimento é: Deus quer que seu povo se torne semelhante a Cristo. A vontade de Deus para o seu povo é que sejamos conformes à imagem de Cristo.

Sendo isso verdade, quero propor o seguinte: em primeiro lugar, demonstrarmos a base bíblica do chamado para sermos conformes à imagem de Cristo; em segundo, extrairmos do Novo Testamento alguns exemplos; em terceiro, tirarmos algumas conclusões práticas a respeito. Tudo isso relacionado a nos assemelharmos a Cristo.

Então, vejamos primeiro a base bíblica do chamado para sermos semelhantes a Cristo. Essa base não se limita a uma passagem só. Seu conteúdo é substancial demais para ser encapsulado em um único texto. De fato, essa base consiste de três textos, os quais, aliás, faríamos muito bem em incorporar conjuntamente à nossa vida e visão cristã: Romanos 8:29, 2 Coríntios 3:18 e 1 João 3:2. Vamos fazer uma breve análise deles.

Romanos 8:29 diz que Deus predestinou seu povo para ser conforme à imagem do Filho, ou seja, tornar-se semelhante a Jesus. Todos sabemos que Adão, ao cair, perdeu muito — mas não tudo — da imagem divina conforme a qual fora criado. Deus, todavia, a restaurou em Cristo. Conformar-se à imagem de Deus significa tornar-se semelhante a Jesus: O propósito eterno de predestinação divina para nós é tornar-nos conformes à imagem de Cristo.

O segundo texto é 2 Coríntios 3:18: “E todos nós, com o rosto desvendado, contemplando, como por espelho, a glória do Senhor, somos transformados, de glória em glória, na sua própria imagem, como pelo Senhor, o Espírito”. Portanto é pelo próprio Espírito que habita em nós que somos transformados de glória em glória — que visão magnífica! Nesta segunda etapa do processo de conformação à imagem de Cristo, percebemos que a perspectiva muda do passado para o presente, da predestinação eterna de Deus para a transformação que ele opera em nós agora pelo Espírito Santo. O propósito eterno da predestinação divina de nos tornar como Cristo avança, tornando-se a obra histórica de Deus em nós para nos transformar, por intermédio do Espírito Santo, segundo a imagem de Jesus.

Isso nos leva ao terceiro texto: 1 João 3:2: “Amados, agora, somos filhos de Deus, e ainda não se manifestou o que haveremos de ser. Sabemos que, quando ele se manifestar, seremos semelhantes a ele, porque haveremos de vê-lo como ele é”. Não sabemos em detalhes como seremos no último dia, mas o que de fato sabemos é que seremos semelhantes a Cristo. Não precisamos saber de mais nada além disso. Contentamo-nos em conhecer a verdade maravilhosa de que estaremos com Cristo e seremos semelhantes a ele, eternamente.

Aqui há três perspectivas: passado, presente e futuro. Todas apontam na mesma direção: há o propósito eterno de Deus, pelo qual fomos predestinados; há o propósito histórico de Deus, pelo qual estamos sendo transformados pelo Espírito Santo; e há o propósito final ou escatológico de Deus, pelo qual seremos semelhantes a ele, pois o veremos como ele é. Estes três propósitos — o eterno, o histórico e o escatológico — se unem e apontam para um mesmo objetivo: a conformação do homem à imagem de Cristo. Este, afirmo, é o propósito de Deus para o seu povo. E a base bíblica para nos tornarmos semelhantes a Cristo é o fato de que este é o propósito de Deus para o seu povo.

Prosseguindo, quero ilustrar essa verdade com alguns exemplos do Novo Testamento. Em primeiro lugar, creio ser importante que nós façamos uma afirmação abrangente como a do apóstolo João em 1 João 2:6: “Aquele que diz que permanece nele, esse deve também andar assim como ele andou”. Em outras palavras, se nos dizemos cristãos, temos de ser semelhantes a Cristo. Este é o primeiro exemplo do Novo Testamento: temos de ser como o Cristo Encarnado.

Alguns de vocês podem ficar horrorizados com essa idéia e rechaçá-la de imediato. “Ora”, me dirão, “não é óbvio que a Encarnação foi um evento absolutamente único, não sendo possível reproduzi-lo de modo algum?” Minha resposta é sim e não. Sim, foi único no sentido de que o Filho de Deus revestiu-se da nossa humanidade em Jesus de Nazaré, uma só vez e para sempre, o que jamais se repetirá. Isso é verdade. Contudo, há outro sentido no qual a Encarnação não foi um evento único: a maravilhosa graça de Deus manifestada na Encarnação de Cristo deve ser imitada por todos nós. Nesse sentido, a Encarnação não foi única, exclusiva, mas universal. Somos todos chamados a seguir o supremo exemplo de humildade que ele nos deu ao descer dos céus para a terra. Por isso Paulo diz em Filipenses 2:5-8: “Tende em vós o mesmo sentimento que houve também em Cristo Jesus , pois ele, subsistindo em forma de Deus, não julgou como usurpação o ser igual a Deus; antes, a si mesmo se esvaziou, assumindo a forma de servo, tornando-se em semelhança de homens; e, reconhecido em figura humana, a si mesmo se humilhou, tornando-se obediente até à morte e morte de cruz”. Precisamos ser semelhantes a Cristo em sua Encarnação no que diz respeito à sua admirável humildade, uma humilhação auto-imposta que está por trás da Encarnação.

Em segundo lugar, precisamos ser semelhantes a Cristo em sua prontidão em servir. Agora , passemos de sua Encarnação à sua vida de serviço; de seu nascimento à sua vida; do início ao fim. Quero convidá-los a subir comigo ao cenáculo onde Jesus passou sua última noite com os discípulos, conforme vemos no evangelho de João, capítulo 13: “Tirou a vestimenta de cima e, tomando uma toalha, cingiu-se com ela. Depois, deitou água na bacia e passou a lavar os pés aos discípulos e a enxugar-lhos com a toalha com que estava cingido”. Ao terminar, retomou seu lugar e disse-lhes: “Ora, se eu, sendo o Senhor e o Mestre, vos lavei os pés, também vós deveis lavar os pés uns dos outros. Porque eu vos dei o exemplo” — note-se a palavra — “para que, como eu vos fiz, façais vós também”.

Há cristãos que interpretam literalmente esse mandamento de Jesus e fazem a cerimônia do lava-pés em dia de Ceia do Senhor ou na Quinta-feira Santa — e podem até estar certos em fazê-lo. Porém , vejo que a maioria de nós fez apenas uma transposição cultural do mandamento de Jesus: aquilo que Jesus fez, que em sua cultura era função de um escravo, nós reproduzimos em nossa cultura sem levarmos em conta que nada há de humilhante ou degradante em o fazermos uns pelos outros.

Em terceiro lugar, temos de ser semelhantes a Cristo em seu amor. Isso me lembra especificamente Efésios 5:2: “Andai em amor, como também Cristo nos amou e se entregou a si mesmo por nós, como oferta e sacrifício a Deus, em aroma suave”. Observe que o texto se divide em duas partes. A primeira fala de andarmos em amor, um mandamento no sentido de que toda a nossa conduta seja caracterizada pelo amor, mas a segunda parte do versículo diz que ele se entregou a si mesmo por nós, descrevendo não uma ação contínua, mas um aoristo, um tempo verbal passado, fazendo uma clara alusão à cruz. Paulo está nos conclamando a sermos semelhantes a Cristo em sua morte, a amarmos com o mesmo amor que, no Calvário, altruistamente se doa.

Observe a idéia que aqui se desenvolve: Paulo está nos instando a sermos semelhantes a Cristo na Encarnação, ao Cristo que lava os pés dos irmãos e ao Cristo crucificado. Esses três acontecimentos na vida de Cristo nos mostram claramente o que significa, na prática, sermos conformes à imagem de Cristo.

Em quarto lugar, temos de ser semelhantes a Cristo em sua abnegação paciente. No exemplo a seguir, consideraremos não o ensino de Paulo, mas o de Pedro. Cada capítulo da primeira carta de Pedro diz algo sobre sofrermos como Cristo, pois a carta tem como pano de fundo histórico o início da perseguição. Especialmente no capítulo 2 de 1 Pedro, os escravos cristãos são instados a, se castigados injustamente, suportarem e não retribuírem o mal com o mal. E Pedro prossegue dizendo que para isto mesmo fomos chamados, pois Cristo também sofreu, deixando-nos o exemplo — outra vez a mesma palavra — para seguirmos os seus passos. Este chamado para sermos semelhantes a Cristo em meio ao sofrimento injusto pode perfeitamente se tornar cada vez mais significativo à medida que as perseguições se avolumam em muitas culturas do mundo atual.

No quinto e último exemplo que quero extrair do Novo Testamento, precisamos ser semelhantes a Cristo em sua missão. Tendo examinado os ensinos de Paulo e de Pedro, veremos agora os ensinos de Jesus registrados por João. Em João 17:18, Jesus, orando, diz: “Assim como tu me enviaste ao mundo, também eu os enviei ao mundo”, referindo-se a nós. E na Comissão, em João 20:21, Jesus diz: “Assim como o Pai me enviou, eu também vos envio”. Estas palavras carregam um significado imensamente importante. Não se trata apenas da versão joanina da Grande Comissão; é também uma instrução no sentido de que a missão dos discípulos no mundo deveria ser semelhante à do próprio Cristo. Em que aspecto? Nestes textos, as palavras-chave são “envio ao mundo”. Do mesmo modo como Cristo entrou em nosso mundo, nós também devemos entrar no “mundo” das outras pessoas. É como explicou, com muita propriedade, o Arcebispo Michael Ramsey há alguns anos: “Somente à medida que sairmos e nos colocarmos, com compaixão amorosa, do lado de dentro das dúvidas do duvidoso, das indagações do indagador e da solidão do que se perdeu no caminho é que poderemos afirmar e recomendar a fé que professamos”.

Quando falamos em “evangelização encarnacional” é exatamente disto que falamos: entrar no mundo do outro. Toda missão genuína é uma missão encarnacional. Temos de ser semelhantes a Cristo em sua missão. Estas são as cinco principais formas de sermos conformes à imagem de Cristo: em sua Encarnação , em seu serviço, em seu amor, em sua abnegação paciente e em sua missão.

Quero, de modo bem sucinto, falar de três conseqüências práticas da assemelhação a Cristo.

Primeira: A assemelhação a Cristo e o sofrimento. Por si só, o tema do sofrimento é bem complexo, e os cristãos tentam compreendê-lo de variados pontos de vista. Um deles se sobressai: aquele segundo o qual o sofrimento faz parte do processo da transformação que Deus faz em nós para nos assemelharmos a Cristo. Seja qual for a natureza do nosso sofrimento — uma decepção, uma frustração ou qualquer outra tragédia dolorosa —, precisamos tentar enxergá-lo à luz de Romanos 8:28-29. Romanos 8:28 diz que Deus está continuamente operando para o bem do seu povo, e Romanos 8:29 revela que o seu bom propósito é nos tornar semelhantes a Cristo.

Segunda: A assemelhação a Cristo e o desafio da evangelização. Provavelmente você já se perguntou: “Por que será que, até onde percebo, em muitas situações os nossos esforços evangelísticos freqüentemente terminam em fracasso?” As razões podem ser várias e não quero ser simplista, mas uma das razões principais é que nós não somos parecidos com o Cristo que anunciamos. John Poulton, que abordou o tema num livreto muito pertinente, intitulado A Today Sort of Evangelism, escreveu:

“A pregação mais eficaz provém daqueles que vivem conforme aquilo que dizem. Eles próprios são a mensagem. Os cristãos têm de ser semelhantes àquilo que falam. A comunicação acontece fundamentalmente a partir da pessoa, não de palavras ou idéias. É no mais íntimo das pessoas que a autenticidade se faz entender; o que agora se transmite com eficácia é, basicamente, a autenticidade pessoal”.

Isto é assemelhar-se à imagem de Cristo. Permitam-me dar outro exemplo. Havia um professor universitário hindu na Índia que, certa vez, identificando que um de seus alunos era cristão, disse-lhe: “Se vocês, cristãos, vivessem como Jesus Cristo viveu, a Índia estaria aos seus pés amanhã mesmo”. Eu penso que a Índia já estaria aos seus pés hoje mesmo se os cristãos vivessem como Jesus viveu. Oriundo do mundo islâmico, o Reverendo Iskandar Jadeed, árabe e ex-muçulmano, disse: “Se todos os cristãos fossem cristãos — isto é, semelhantes a Cristo —, hoje o islã não existiria mais”.

Isto me leva ao terceiro ponto: Assemelhação a Cristo e presença do Espírito Santo em nós. Nesta noite falei muito sobre assemelhação a Cristo, mas será que ela é alcançável? Por nossas próprias forças é evidente que não, mas Deus nos deu seu Santo Espírito para habitar em nós e nos transformar de dentro para fora. William Temple, que foi arcebispo na década de 40, costumava ilustrar este ponto falando sobre Shakespeare:

“Não adianta me darem uma peça como Hamlet ou O Rei Lear e me mandarem escrever algo semelhante. Shakespeare era capaz, eu não. Também não adianta me mostrarem uma vida como a de Jesus e me mandarem viver de igual modo. Jesus era capaz, eu não. Porém, se o gênio de Shakespeare pudesse entrar e viver em mim, então eu seria capaz de escrever peças como as dele. E se o Espírito Santo puder entrar e habitar em mim, então eu serei capaz de viver uma vida como a de Jesus”.

Para concluir, um breve resumo do que tentamos pensar juntos aqui hoje: O propósito de Deus é nos tornar semelhantes a Cristo. O modo como Deus nos torna conformes à imagem de Cristo é enchendo-nos do seu Espírito. Em outras palavras, a conclusão é de natureza trinitária, pois envolve o Pai, o Filho e o Espírito Santo.

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Fonte do original em inglês:
http://www.langhamp artnership. org/2007/ 08/06/john- stott-address- at-keswick/

Tradução: F. R. Castelo Branco Outubro 2007.


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« Rev. John Stott é Reitor Emérito da Paróquia Anglicana de All Souls, em Londres, ex-Capelão de SM a Rainha da Inglaterra, escritor e conferencista internacional. Pregou este Sermão na Convenção de Keswick, em 17 de julho de 2007; a Convenção de Keswick é um encontro periódico de evangélicos de inspiração pietista, na Inglaterra, com a presença de centenas de líderes de diversas denominações e países.

sexta-feira, 19 de outubro de 2007

A COMPAIXÃO DE JESUS*



John Stott

“Falsos cristãos se levantarão”, profetizou Jesus. E assim tem acontecido. Têm surgido charlatães religiosos com ares de grandeza e pobres enfermos mentais que afirmam ser Jesus Cristo. Temos enfrentado imagens distorcidas do Jesus verdadeiro, que o apresentam como um guerrilheiro zelote, como um fracassado “superstar” ou como um palhaço de circo. E é possível que até mesmo nós tenhamos conceitos distorcidos de Jesus.

“Segue-me”, disse Ele. “Sim, Senhor, te seguiremos”, tem sido a nossa resposta. Mas a que Cristo seguimos? O Cristo que alguns seguem inspira amor, mas não justiça; oferece alivio, mas não desafios. Outros estão muito dispostos a cumprir a ordem para evangelizar, mas não ouvem o chamado de ocupar-se dos pobres, dos enfermos, dos famintos e dos desesperados.

Os apóstolos deram muita ênfase ao discipulado cristão. Às vezes, queremos “imitá-lo”, mas a ênfase deve ser em “seguí-lo”, em prosseguir nas suas pisadas, no caminho que Ele nos traçou. O que isso significa depende em grande parte de nossa própria comunicação com Ele e do nosso conhecimento desse Jesus, a quem devemos seguir. Assim, busquemos o Jesus real, o autentico Jesus do relato dos evangelhos, e não o Jesus fictício que muitos têm apresentado. Realmente, nosso estilo de vida como cristãos depende da imagem que temos de Cristo, e do Cristo no qual depositamos nossa fé.


O EXEMPLO DE JESUS

No sermão de evangelização que Pedro pregou a Cornélio e a seus familiares, o apostolo apresentou Jesus como “aquele que andou... fazendo o bem” (atos. 10:38). Essa é uma bela descrição. Jesus nunca fez mal a ninguém; pelo contrário, a todas as pessoas com quem se encontrou, e em cada circunstancia, sempre realizou o bem.

Se Pedro o descreveu como o que “andou fazendo o bem”, Mateus em forma mais elaborada, nos conta que “E percorria Jesus todas as cidades e povoados, ensinando nas sinagogas, pregando o evangelho do reino e curando toda sorte de doenças e enfermidades”.(Mateus 9:35).

Esse é um balanço do ministério publico de Jesus. A ênfase de Jesus estava no anuncio do Reino de Deus, no chamado ao arrependimento e na aceitação das boas novas. Mas à proclamação acrescentou o ensino, porque lhe interessava a mente dos homens. Estes deviam compreender as características do reino de Deus, os requisitos para o ingresso nele e as bases para o seu crescimento. Foi em completa coerência com o seu próprio ensino que Jesus se comprometeu com um serviço pratico aos necessitados: curou os enfermos, alimentou os famintos, consolou os tristes e desempenhou o humilde trabalho de escravo, quando com água e uma toalha lavou os pés dos seus discípulos.

Mas não estaria perdendo tempo? Não seria mais urgente empenhar-se na tarefa de evangelização, considerando a grande quantidade de aldeias que deveria visitar e o pouco tempo que teria para isso? Não deveria ter se concentrado nisso, deixando a outros a solução dos problemas materiais? Evidentemente, Jesus não considerou assim. Seu enfoque foi integral porque considerou que suas palavras e atos constituíam um só ministério. As obras que fazia eram “sinais” do reino que proclamava. “Se, porém, eu expulso os demônios pelo dedo de Deus, certamente é chegado o reino de Deus sobre vós” (Lucas 11:20).


OLHOS, OUVIDOS E MAOS QUE ATUAM.

Sem duvida, as boas obras de Jesus não devem ser entendidas somente como evidencia da presença do reino de Deus e da derrota do reino de Satanás. Foram, alem disso, e principalmente, frutos de sua própria compaixão. Essa era a motivação suprema de seus serviços! Jesus se comovia profundamente ao ver a necessidade humana, e isso o movia à ação. Ao examinarmos algumas passagens que nos servem de exemplo, encontramos sempre o mesmo esquema de ação. Em cada caso, foi uma tremenda necessidade humana que despertou o interesse de Jesus.

Marcos 1.40-41: “Aproximou-se dele um leproso rogando-lhe, de joelhos: Se quiseres, podes purificar-me”. Jesus, profundamente compadecido, estendeu a mão, tocou-o e disse-lhe: Quero, fica limpo !”.

“Em dia subseqüente, dirigia-se Jesus a uma cidade chamada Naim, e iam com ele os seus discípulos e numerosa multidão”.

Como se aproximasse da porta da cidade, eis que saía o enterro do filho único de uma viúva; e grande multidão da cidade ia com ela. Vendo-a, o Senhor se compadeceu dela e lhe disse: Não chores!

Chegando-se, tocou o esquife e, parando os que o conduziam, disse: Jovem, eu te mando: "levanta-te !”.

Não eram somente as necessidades individuais que despertavam a compaixão de Jesus, mas também as necessidades das multidões, que ele viu como “ovelhas sem pastor”, Ou “porque havia muitos enfermos entre eles”, Ou “porque não haviam comido por vários dias e estavam famintos”.

Mateus 9.36 - “Vendo ele as multidões, compadeceu-se delas, porque estavam aflitas e exaustas como ovelhas que não têm pastor”.

Marcos acrescenta: “E passou a ensinar-lhes muitas coisas”.

Mateus 14.4 - “Desembarcando, viu Jesus uma grande multidão, compadeceu-se dela e curou os seus enfermos”.

Marcos 8.2-3 e Mateus 15.32 - Tenho compaixão desta gente, porque há três dias que permanecem comigo e não têm o que comer.

“Se eu os despedir para suas casas, em jejum, desfalecerão pelo caminho; e alguns deles vieram de longe”. “E, chamando Jesus os seus discípulos, disse: Tenho compaixão desta gente, porque há três dias que permanece comigo e não tem o que comer; e não quero despedi-la em jejum, para que não desfaleça pelo caminho”.

Quer se tratasse de multidões ou indivíduos, a seqüência era a mesma. A primeira coisa que fazia era ver. O verdadeiro amor está sempre observando com atenção, e os olhos de Jesus jamais estiveram fechados ante a necessidade humana. Ninguém podia acusá-lo de ser como o sacerdote ou como o levita da parábola do bom samaritano. De ambos se diz “vendo –o...”, mas não viram corretamente, porque passaram “de largo”. (Lucas 10.31-32). Em contraste, Jesus viu corretamente, pois não temia encontrar-se cara a cara com a necessidade humana e toda a sua angustiosa realidade. E quando viu, inevitavelmente foi movido à compaixão e a um serviço efetivo. Algumas vezes, expressou o seu sentimento com palavras; mas jamais sua compaixão se diluiu somente em palavras. Sempre foi concretizada em atos. Viu, sentiu e agiu. A motivação para a ação passou dos olhos ao coração e daí para as mãos. Tinha sempre compaixão ao ver a necessidade humana, e sempre a demonstrava com uma ação positiva.

E assim o apostolo João, inspirado pela inexorável lógica dessa compaixão, volta ao tema em sua primeira carta. Certamente, João assimilou bem a lição, ao escutar e observar Jesus em seus ensinos e ações. Por isso escreve: “Nisto conhecemos o amor: que Cristo deu a sua vida por nós; e devemos dar nossa vida pelos irmãos”.

"Ora, aquele que possuir recursos deste mundo, e vir a seu irmão padecer necessidade, e fechar-lhe o seu coração, como pode permanecer nele o amor de Deus? Filhinhos, não amemos de palavra, nem de língua, mas de fato e de verdade”. (I João 3.16-18).

Esses versículos são precedidos da surpreendente afirmação de que pelo sacrifício de Jesus nós “conhecemos o amor”. O que João quer dizer é que o mundo jamais teria conhecido o verdadeiro significado de amor, se não tivesse sido pela cruz de Cristo. “Mas isso é ridículo” - poderá replicar alguém – “todos nós conhecemos o verdadeiro significado do amor. Não necessitamos que Jesus nos ensine”. Dificilmente essas palavras críticas poderiam mudar a opinião do apóstolo João. E a explicação consiste em que todos os amores humanos tornam-se pequenos perto do amor supremo. Muito amor humano é bom e nobre, mas em algum grau oculta motivos ulteriores ou é uma mescla de generosidade e egoísmo. Somente UM ato de amor puro foi realizado na historia humana, e este é o sacrifício de Jesus na cruz. Na cruz Jesus amou – e amou com amor perfeito. Ali Ele deu tudo o que tinha: deu-se a si mesmo, por aqueles que não mereciam nada, que eram simples pecadores, como nós.


SERVIÇO, NÃO SENTIMENTO.

O verdadeiro amor, então, é o serviço até o sacrifício, serviço baseado na entrega de si mesmo em beneficio dos demais. O apóstolo João disse que “devemos dar nossa vida pelos irmãos” e essas palavras parecem ter um alcance mais amplo do que sugere a expressão “irmãos cristãos”. Esse chamado à entrega de nossas vidas não supõe necessariamente atos espetaculares (ainda que alguns possam ser chamados assim), senão atos de serviço que podem parecer-nos quase anônimos, mas que nem por isso deixam de ser heróicos. Damos nossa vida quando nos damos aos outros livremente em serviço. Mas onde ninguém dá ou serve, ali não há amor, ainda que existam muitas palavras em contrário.

Agora, chegamos a um ponto importantíssimo: com devastadora força, João aplica esse principio ao cristão mais poderoso! O apóstolo descreve-o por meio de duas características. Primeiro: possui “recursos deste mundo”; segundo, vê “seu irmão padecer necessidade”. Esta é a situação: vê a necessidade e tem como satisfazê-la. Vê o enfermo e tem medicamentos ou meios para curá-lo; vê a ignorância e possui conhecimento; vê a pobreza e tem recursos econômicos; vê a carência de conhecimento técnico e possui a tecnologia adequada.

Resumindo: o que João diz é que uma pessoa tem duas opções: vendo a necessidade e tendo com que satisfazê-la, pode dispor-se e supri-la com o que tem, ou pode negar-se a fazê-lo.

Sabemos o que fez Jesus: “viu, sentiu e agiu”. E nós? Se não estamos dispostos a suprir a necessidade com o que temos, estamos cerrando nossos corações ao irmão necessitado. E se fazemos isso, atinge-nos a indignada pergunta de João: “Como mora o amor de Deus nele?”. Não mora! Não pode morar, já que o amor divino é serviço, não sentimento. Mas se o amor de Deus é real em nossas vidas, nos impulsionará a uma ação positiva para suprir com o que temos a necessidade dos outros. E João conclui com um apelo direto: “Não amemos de palavra, nem de língua, mas de fato e de verdade”.


DISCERNIMENTO

O único limite que a nossa liberdade tem para dar e servir é o limite imposto pelo nosso próprio amor. É possível que muitos tenhamos passado por uma etapa que podemos chamar de “caridade indiscriminada”. Talvez tenhamos tomado literalmente algumas frases do sermão do monte, especialmente a que diz: “Dá a quem te pede”, e temos querido dar algo a cada mendigo, ou responder com algo a cada necessidade. Realmente, esse amor, ainda que seja “indiscriminado”, é melhor do que nada. Mas o certo é que o verdadeiro amor é aquele que pode discernir. Tem a capacidade de ver a necessidade real. Reconhece que nem sempre é o mais conveniente para o que pede que todas as suas demandas sejam satisfeitas; pode ser um jogador ou um bêbado. O verdadeiro amor limita sabiamente o dar, não para evadir-se da responsabilidade, mas para criar e desenvolver uma maior responsabilidade no que pede.


O ENSINO DE JESUS

Já vimos que Jesus “andava fazendo o bem”. Os evangelhos o apresentam desenvolvendo um equilibrado ministério de pregação, de ensino e de serviço. E o apóstolo João disserta sobre esse grande principio do “amor que age”. Agora, vejamos o que Jesus ensinou e exemplificou no Sermão do Monte: “Eu, porém, vos digo: Amai os vossos inimigos e orai pelos que vos perseguem”. “Amai... os vossos inimigos; fazei o bem...”.

“Fazer o bem” soa agradavelmente. Mas sabemos que muitos têm feito de uma maneira paternalista, que tem provocado o descrédito no mandato de Jesus. Assim sucedeu, por exemplo, com os que praticaram a “caridade vitoriana” dos séculos XVIII e XIX. Claro que não devemos ridicularizar os esforços dos homens da época. Levemos em conta que estavam profundamente interessados na solução de muitos dos problemas causados pela revolução industrial. Alem disso, foi admirável a grande provisão de assistentes sociais, atenção medica domiciliar, comida, roupa, agasalhos e escolas. O inaceitável para nós é sua atitude paternalista, produto de uma sociedade estratificada que pensava que Deus a havia ordenado rigidamente dessa forma. Mas é justo agradecer ao Senhor pelo espírito cristão e empreendedor desses homens.

Os filantropos posteriores à era vitoriana pareciam muito seguros de sua própria justiça: eram arrogantes em sua maneira de atuar. Isso fez com que o povo pusesse em duvida o compromisso genuíno de muitos outros que eram sinceros. As pessoas do bairro mais aristocrático de Londres faziam periódicas “expedições “aos bairros pobres, talvez mais para tranqüilizar suas próprias consciências do que para atender às necessidades reais. Logo voltavam tranquilamente à comodidade burguesa e ao luxo de sua vida anterior. É conveniente esclarecer que houve grandes e gloriosas exceções, mas estas não lograram calar o inconformismo e o rechaço que os anteriores estimulavam com a sua maneira de proceder.

Para tanto, parece-nos indicado resgatar o mandato de Jesus de “Fazer o bem” do rechaço e desprezo em que têm caído; devemos fazer várias coisas. Antes de tudo, devemos desembaraçar-nos de atitudes paternalistas, orgulhosas e arrogantes. Devemos deixar de lado nossa auto-suficiência e prescindir definitivamente da mentalidade daqueles que se “comprometem” sem realmente se comprometer. Alem do mais, numa sociedade na qual se tem degradado o significado do amor, devemos deixar claro que este não é um sentimento, senão um auto-sacrifício, que quer servir a outros construtivamente. Somente então nossas obras brilharão como a luz, e nosso Pai será glorificado.


A QUEM DEVEMOS AJUDAR?

O mandato de Jesus de “fazer o bem” como expressão de amor encerra duas interrogações. A primeira refere-se à extensão da nossa responsabilidade: a quem devemos amar? Na realidade, o Novo Testamento concebe o “amor fraternal” como uma classe especial de amor cristão. Então, de acordo com nossas possibilidades, “façamos o bem A todos, mas principalmente aos da família da fé” (Gálatas 6:10).

A caridade começa em casa. Nossa primeira responsabilidade é para com a família da fé. Mas não podemos ficar aí. No tempo de Jesus, os fariseus trataram de limitar a definição de “próximo” a nada mais que seus compatriotas judeus.Isso os levou a formular uma interpretação distorcida do segundo mandamento: “Amarás o teu próximo, e odiarás o teu inimigo”. Mas Jesus rechaçou totalmente essa distorção: “Eu, porem, vos digo; Amai os vossos inimigos...”. Segundo Jesus, se seus discípulos amassem apenas os que os amavam, nada estariam fazendo melhor do que os pagãos. Se queremos ser verdadeiros filhos de Deus, devemos então amar também os que nos odeiam. Como o Pai Celestial faz brilhar o sol e cair a chuva sobre os bons e os maus, assim devem ser seus discípulos: perfeitos no amor, como Deus é perfeito.

Jesus ilustrou esse ensino da universalidade do amor cristão na mais conhecida de todas as suas parábolas: a do homem samaritano. A pergunta que deseja responder é: “Quem é o meu próximo?”. O ponto principal da historia é que o samaritano desprezado fez por um judeu o que jamais um judeu havia feito a um samaritano. A vitima dos ladrões era um judeu, mas não sabemos mais nada sobre ele. Era um “certo homem”, qualquer homem, sem nenhuma distinção nem identificação especial, exceto que era um ser humano e que estava em necessidade. O samaritano não o conhecia e, para dizer claramente, não tinha obrigação alguma de auxiliá-lo em sua desgraça: pertencia a uma raça, posição social e religião bem diferentes da dele. Mas o estado de necessidade do judeu ferido e a capacidade do samaritano de compreender e responder a essa necessidade fizeram deste o próximo daquele.

Que podemos aprender desse ensino de Jesus? O intento de limitar a área dos que devem receber nosso amor e serviço a determinadas pessoas, como fizeram nos fariseus, não é cristão. Mas não é certo que às vezes ficamos reticentes quanto a servir a pessoas que pertencem a outra religião, sejam animistas, hindus, budistas ou muçulmanos? Não existe certa hesitação em servi-los, a menos que possamos usar nossa ajuda como uma espécie de anzol para abrir seus corações a fim de receberem o evangelho? É lógico que queiramos compartilhar com eles o evangelho; mas, a menos que estejamos motivados por um genuíno interesse por suas pessoas (o que estará ausente, se não formos capazes de ajudá-los em toda situação), nossos esforços serão inúteis e ainda desonrosos para a pessoa de Deus. O amor nos obriga a compartilhar, com os demais, ambas as coisas: as bênçãos materiais e as riquezas espirituais. Porem, o que devemos dar? Isso nos leva diretamente à segunda pergunta: se não podemos limitar nossa responsabilidade a uma área particular da humanidade, como se manifestará nosso amor? Aceitamos que amar significa dar e servir: mas como podemos servir, e o que dar? A parábola do bom samaritano responde também a essas perguntas, porque evidentemente o serviço do bom samaritano está determinado pela necessidade do homem. Este foi assaltado e ferido; jaz semimorto. É obvio que suas necessidade mais urgente é a atenção médica. Assim que o samaritano ata as suas feridas, leva-o a um albergue, cuida dele, paga ao hospedeiro para que continue atendendo-o e compromete-se a pagar qualquer outro gasto que demande o tratamento. A única coisa que o samaritano não faz é evangelizá-lo! Põe óleo e vinho nas feridas, mas não enche os bolsos do judeu com folhetos.

Nosso descuido das necessidades sociais e todas as discussões acerca da evangelização e ação social têm sido estéreis e desnecessárias. É claro, temos muita razão quando rechaçamos o chamado “evangelho social”, quando este tenta substituir as boas novas de salvação por uma mensagem de simples promoção social. No entanto, é incrível que tenhamos chegado ao extremo de colocar a evangelização e a ação social em oposição, como se mutuamente se excluíssem.

Ambas devem ser autenticas expressões de amor ao próximo. Quem é meu próximo, a quem devo amar? Não é um corpo sem alma, nem uma alma descarnada, nem um individuo solitário alienado de um contexto social. Deus o criou como uma unidade integral e físico-espiritual, que vive em comunidade. E não posso dizer que amo a meu próximo se estou interessado somente em um aspecto de sua pessoa, quer seja a alma, quer seja o seu corpo ou a sua posição na comunidade.

Mas alguém pode replicar: e a grande comissão? Não nos indica ela, como prioridade, nossa responsabilidade em evangelizar? Sim e não. A Grande Comissão de Jesus: “Ide por todo o mundo e fazei discípulos” refere-se, certamente, à tarefa de evangelização do mundo como uma responsabilidade de toda a Igreja, de todos os cristãos; mas seria exato chamá-la de nossa PRIMEIRA responsabilidade? É verdade que essas foram as últimas palavras do Senhor ressuscitado antes de retornar ao Pai. Ainda assim, esse não foi o único mandamento que Jesus nos deixou. Por que devíamos imaginar, então, que esse mandamento tem precedência sobre todos os outros e que até os invalida? Sem duvida, o “grande mandamento” (ao menos em relação ao nosso próximo) é: “Amarás ao teu próximo como a ti mesmo”. Esse, disse Jesus, é o segundo grande mandamento, precedido unicamente por “amar a Deus sobre todas as coisas”.

Agora, é correto que igualemos o “amor a nosso próximo” com “evangelizar”? Claro que a morte e ressurreição de Jesus e a grande salvação assegurada por esses eventos trazem uma nova dimensão ao amor ao próximo. Foi colocado em nossas mãos um novo e precioso dom a ser compartilhado com o próximo: as BOAS NOVAS. Porem, não imaginemos que dar o evangelho ao próximo nos exime da nossa responsabilidade por ele, que se dermos o evangelho já teremos feito o suficiente.

Muitos de nós temos sido insensíveis quanto a esses assuntos. Temos pensado e atuado como se Deus fosse só o redentor e não o criador de todos os homens, como se Jesus só tivesse pregado e não tivesse sido movido, pela compaixão, a alimentar os famintos e sarar os enfermos. Naturalmente, se tivéssemos que escolher entre evangelização e serviço social, teríamos presente que a vida espiritual e eterna é mais prioritária que a material e temporal. Mas não temos que escolher, ou pelo menos, serão contadíssimas as ocasiões em que teremos de fazê-lo. Jesus não escolheu: Manteve as duas coisas juntas. Uma não serviu de desculpa ou dissimulação para a outra: ambas foram expressões genuínas de sua profunda compaixão pelos homens.

OVELHAS E CABRITOS?

Devemos mencionar um aspecto a mais do ensino de Jesus. Podemos considerá-lo como o sermão sobre o juízo. Nada destaca mais a força de seu ensino e de seu exemplo do que a forma na qual faz desses dois a base de seu juízo. Em Mateus 25, Jesus fala de seu regresso, para julgar o mundo. Será o retorno do Filho do homem em sua gloria, para sentar-se como rei sobre o trono, e todas as nações terão que comparecer ante Ele. A base da separação no juízo será a presença ou ausência de obras de amor na vida dos homens. “Então dirá o Rei aos que estiverem à sua direita: Vinde, benditos de meu Pai! Entrai na posse do reino que vos está preparado desde a fundação do mundo. Porque TIVE FOME e me deste de comer... Em verdade vos afirmo que sempre que o fizestes a um destes meus pequeninos irmãos, a mim o fizestes”. Essa passagem também é chamada de “a parábola das ovelhas e dos cabritos”. O único elemento que é claramente parabólico é a comparação da salvação e condenação com a separação de ovelhas e cabras. À parte disso, é um relato direto e solene do juízo final. Muitos têm tratado de se eximir da admoestação desafiadora de Jesus, aplicando-a a outras situações. Segundo estes, a expressão “meus pequeninos irmãos” refere-se ao povo judeu apenas, e as nações serão julgadas de acordo com a maneira como tiverem tratado o povo judeu na Historia. Mas esse conceito, de que o juízo final será mais de nações do que de indivíduos carece de sólida fundamentação bíblica. Além do mais, a expressão “um destes meus pequeninos” é muito pessoal e particular.

Existe outro problema que contribui para a perplexidade de alguns. Se a nossa justificação (Nossa aceitação por parte de Deus) é somente pela fé em cristo, e pela fé somente, à parte das obras, não é essa passagem estranha àquela? Não! Nossa justificação é realmente só pela fé. No entanto, onde quer que os escritores do Novo Testamento se refiram à fé verdadeira, à fé vivente e salvadora, esta vem acompanhada, inevitavelmente, por boas obras. No relato do juízo final, Jesus indica que nossa atitude real frente a Ele será revelada através de nossa atitude para com os seus irmãos, referindo-se sem duvida, em primeiro lugar, a seus próprios discípulos, mas não se restringindo a eles.

O apóstolo Tiago aponta a máxima cristã: “Eu, com as obras, te mostrarei a minha fé”, e Paulo declara que o realmente importante é “a fé que atua pelo amor” (Tiago 2:18 e Gálatas 5:6). Assim é que a única e sólida, evidencia de realidade da nossa fé são as obras de amor. Essa é a razão pela qual, ainda que nossa justificação seja pela fé somente, nosso juízo será com base nas boas obras. Assim, Paulo, em sua carta aos Romanos, na qual dá ênfase e explica a justificação pela fé, diz que o povo ao qual Deus dará vida eterna no ultimo dia incluirá aqueles que, “Perseverando em fazer o bem, procuram glória, honra e incorruptibilidade”. (Romanos 2:7).


EM SEUS PASSOS

Recapitulando, recordemos a obrigação cristã de “Fazer o bem”. Jesus mesmo andou fazendo o bem. Ele nos ordenou seguir seu exemplo e mostrar amor ao nosso próximo por meio de um eficaz e variado serviço prático. Jesus também nos preveniu de que as obras serão, no último dia, a evidencia para provar a autenticidade de nossa fé Nele, para a salvação.

Como conseqüência incontrovertível, se começarmos a seguir o Jesus verdadeiro e a caminhas em seus passos, aproveitaremos cada oportunidade para “fazer o bem”. Porque é assim que as nossas boas obras mostrarão a genuinidade do nosso amor, e a genuinidade do nosso amor mostrará a genuinidade da nossa fé.

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*Texto retirado do Livro Tive Fome da Editora ABU. Encaminhado pela amiga Isabelle Ludovico (isabelle@ludovicosilva.com.br).

quinta-feira, 11 de outubro de 2007

O SENHOR DE ESPERANÇA



“Digo a mim mesmo: A minha porção é o Senhor;
portanto, nele porei a minha esperança.
O Senhor é bom para com aqueles cuja esperança está nele,
para com aqueles que o buscam;
é bom esperar tranqüilo para a salvação do Senhor.”
(Lamentações 3.24-26 - NVI)


Aquecimento global, violência urbano, balas perdidas, assaltos à mão armada, crises econômicas, desempregos, mortes, falências, doenças. Temores que nos rodeiam diariamente e com os quais cada ser humano passa a vivenciar um sentimento de desesperança em relação ao amanhã, para com os seus projetos de futuro e para com suas proprias vidas.

A cada dia a nossa mente é povoada por questionamentos que muitas vezes nos tiram o sono. O que me acontecerá amanhã? Como projetar o meu futuro diante de um mundo cheio de inseguranças e sem estabilidade? Como acertar se sou cheio de imperfeições?

“Como será o amanhã?”, dizia o poeta, “responda quem souber” e ele mesmo responde: “Quem sabe é Deus!”. Realmente só Deus possui esta capacidade de conhecer o amanhã. Ele é a esperança do amanhã.

Os homens padecem por causa de seus próprios pecados, falava o profeta Jeremias (cf. Lm. 3.39), e por esta razão não conseguem olhar para o amanhã com esperança, pois preferem caminha seguindo por suas próprias vontades e na vistas de seus próprios olhos.

Realmente, quando retiramos de Deus da nossa realidade e vida sofremos o mal de não conseguirmos viver a esperança do amanhã. O homem sem Deus é perdido em suas angustias e desesperanças.

Quando os nossos olhos estão postos em Cristo podemos esperar o amanhã com a certeza de que “o nosso Redentor vive”; O grande Rei esta no trono. Nada foge ao seu controle. Ele é Deus e “por fim se levantará sobre a terra”. (Jó 19.25).

Acredito que Jó foi um homem que mais presenciou as mudanças circunstanciais que o mundo pode apresentar. Acordou com todas as suas propriedades e dormiu sem nenhuma delas. Com seus filhos e filhas e depois sem nenhum deles. Com saúde plena e depois a sua pele foi tomada por tumores e úlceras que exalavam um odor insuportável.

Mas nada destas circunstâncias, aparentemente sem sentido, o fizeram perder de vistas a certeza de que “Bom é esperar no Senhor e isto em silêncio”, aguardar pela salvação do Senhor bem tranqüilo. Sem murmurações ou atos de irreverência, mas com um coração disposto a aprender e confiar que Deus esta assentado soberano acima dos problemas e circunstancias adversas. Temos que possuir a visão do salmista – “O SENHOR se assentou sobre o dilúvio; o SENHOR se assenta como Rei, perpetuamente”. (Sl. 29.10).

Quem espera muitas vezes não gosta de ficar em silêncio. Uns gritam, brigam e reivindicam os seus direitos, pois se acham injustiçados. Esperar no Senhor significa ter a plena certeza que ele vai intervir e por mais que as circunstâncias pareçam ser contrárias ou apontem para o impossível, Deus continua sendo Deus. Ele está assentado sobre o trono!

A esperança é fruto de pessoas que têm em suas vidas o Deus de toda esperança participando e conduzindo os seus passos. Jó pôde declarar que a sua esperança era o Senhor, pois tinha em seu coração a certeza que não eram as circunstâncias que iriam lhe roubar a presença do Senhor e por isso pôde declarar: “Ainda que ele me mate, nele esperarei; contudo os meus caminhos defenderei diante dele”. (Jó 13.15). Isto não é confiança cega, mas uma confiança pautada na certeza de que Deus é Deus.

Deus se manifesta em nossas vidas, nos momentos adversos, como o Deus Emanuel, O Deus Presente, o Deus Conosco, por isso que podemos descansar tranqüilos, pois

“ainda que as águas rujam e espumem,ainda que os montes se abalem pela sua braveza.Há um rio cujas correntes alegram a cidade de Deus,o lugar santo das moradas do Altíssimo.Deus está no meio dela; não será abalada;Deus a ajudará desde o raiar da alva.Bramam nações, reinos se abalam;ele levanta a sua voz, e a terra se derrete.O Senhor dos exércitos está conosco;o Deus de Jacó é o nosso refúgio...Aquietai-vos, e sabei que eu sou Deus;”(Salmo 46.3-7 e 10a).

Bom é esperar pela ação do Senhor, pois Ele é Deus. Ele é Ele!

Então, não importam o que os homens maus façam ou digam, Deus esta no controle do Universo; não importam as circunstâncias, Ele é Deus; não importa a ausência dos amigos e/ou familiares, Ele é Deus; não importa o que o Diabo, com suas mentiras, venha nos tentar para nos afastar do alvo, Ele é Deus. Podemos ter esperança no amanhã, pois Ele é Deus e “nenhum dos teus propósitos pode ser impedido”. (Jó 42.2)

Deus é Deus e continua no controle das nossas vidas; Ele continua no controle do Universo, por mais que as circunstâncias me digam o contrário. Posso confiar em sua a ação por que Ele é o Deus de toda a Esperança.





“Quando os que têm temor de ti me
virem, se alegrarão,

pois na tua palavra colocarei a
minha esperança”.

(Salmo 119.74 –
NVI)

Patrick Cézar da Silva

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Imagem: http://picobaldas.bloguepessoal.com

quinta-feira, 4 de outubro de 2007

Escolhido o Príncipe Caspian da nova Crônica de Narnia


Foi escolhido o ator que viverá o Príncipe Caspian na homônima Crônica de Narnia que dá sequência à adaptação da obra de C.S. Lewis para o cinema.


O único problema é que a Disney não disse o nome. Anunciou apenas que a procura havia terminado; em e-mail recebido pelo site NarniaFans, o estúdio avisa a todos os candidatos que o papel está fechado.


Foi um processo exaustivo e vasto, mas agora temos certeza de ter encontrado nosso príncipe, diz a mensagem. Não deve demorar muito, portanto, até que o anúncio seja feito.


Príncipe Caspian se ambienta tempos depois da primeira aventura. Agora dominada pelos telmarinos, que baniram os animais falantes e as criaturas mitológicas, Narnia precisa novamente da ajuda dos irmãos Pevensie, invocados pela trompa mágica de Susana. Curiosamente, é um legítimo herdeiro dos telmarinos, Caspian, quem clama pelos reis em nome da antiga magia de Narnia.


As filmagens começam em fevereiro e devem seguir até o meio do ano. O filme estréia em 16 de maio de 2008.

Fonte: http://www.omelete.com.br/

AS CRÔNICAS DE NÁRNIA - O Principe Caspin











Confira o novo cartaz de As Crônicas de Narnia: Príncipe Caspian



É o primeiro pôster com Ben Barnes como o personagem do título


17/09/2007

Marcelo Hessel


Príncipe Caspian, a segunda adaptação ao cinema da série de livros infantis As Crônicas de Narnia, teve o seu segundo pôster revelado - o primeiro com Ben Barnes como o personagem do título.


Príncipe Caspian se ambienta tempos depois da primeira aventura. Agora dominada pelos telmarinos, que baniram os animais falantes e as criaturas mitológicas, Narnia precisa novamente da ajuda dos irmãos Pevensie, invocados pela trompa mágica de Susana. Curiosamente, é um legítimo herdeiro dos telmarinos, Caspian, quem clama pelos reis em nome da antiga magia de Narnia.


O filme estréia em 16 de maio de 2008.


Fonte: omelete

segunda-feira, 1 de outubro de 2007

Não pare no meio do caminho!*



A largada já aconteceu, mas a premiação ainda não. Um bom espaço já foi percorrido, mas a caminhada ainda não terminou. Talvez estejamos no meio do caminho. Ou, quem sabe, mais próximos do ponto de chegada do que do ponto de partida. O certo é que ninguém pode parar onde está. Já viemos à luz, já nascemos, mas não podemos continuar crianças em Cristo, tomando leite e sopinhas, usando fraldas, andando no colo da mãe ou de carrinho de bebê. Precisamos passar do alimento líquido para o alimento sólido, da infância para a maturidade (1 Co 3.1-5).


É isso que Paulo ensina na Epístola aos Filipenses. Fomos alcançados ou conquistados por Cristo em alguma ocasião recente ou remota. Foi o solene início de tudo. Estamos caminhando, mas precisamos caminhar mais. Graças a Deus, alcançamos vários estágios, mas há outros estágios para alcançar. Alcançamos a salvação, mas falta alcançar o padrão de conduta estabelecido pelo próprio Senhor, isto é, a perfeição, e também o prêmio final. Não na reta final, mas na chegada, ele “transformará os nossos corpos humilhados, tornando-os semelhantes ao seu corpo glorioso” (Fp 3.21). Animemo-nos, pois, e ponhamo-nos outra vez a caminho.


No caso de Paulo, ele foi alcançado por Cristo quando estava a caminho de Damasco. Começou a crescer, amadurecer, fortalecer-se, adquirir ricas experiências e acumular muitas convicções inabaláveis. Mas, por volta do ano 61, quando estava preso, talvez em Roma, escreveu aos filipenses que ainda não tinha parado de correr, ainda estava a caminho do alvo. Além dessa confissão honesta e modesta, o apóstolo revela sua estratégia pessoal para continuar a bem-aventurada corrida: “Uma coisa faço: esquecendo-me das coisas que ficaram para trás e avançando para as que estão adiante, prossigo para o alvo, a fim de ganhar o prêmio do chamado celestial de Deus em Cristo Jesus” (Fp 3.13-14).


Os três verbos da estratégia paulina são formidáveis: esquecer, avançar e prosseguir. Expressam ação inteligente e bem-sucedida.


É preciso esquecer o caminho já percorrido, prescindir do passado para atirar-se ao presente, deixar atrás o passado. Tanto o passado coberto de insucesso como o passado coberto de sucesso. É preciso deixar para trás o passado pecaminoso porque ele é assunto já liquidado e resolvido pela confissão e pelo perdão. É preciso deixar para trás o passado vitorioso para moderar a euforia da vitória e enxergar os desafios seguintes.


É preciso avançar para o que está à frente, ansiar com todas as forças e estender as mãos para qualquer coisa que se depara à frente. Para tanto é estritamente necessário ouvir mais uma vez aquela palavra do Senhor a Moisés, quando o povo de Israel estava diante do Mar Vermelho: “Diga aos israelitas que sigam avante” (Êx 14.15).


É preciso prosseguir, correr diretamente atrás do alvo. A Tradução Ecumênica da Bíblia usa a expressão “arremeter rumo à meta”, que significa arrojar-se, lançar-se, atacar com ímpeto ou fúria. Por isso mesmo coloca também na boca de Paulo: “[Eu não alcancei o que preciso alcançar], mas arremeto para tentar alcançá-lo” (Fp 3.12). Prosseguir em direção ao alvo é a mesma coisa que “perseguir o alvo”, como se encontra em outra versão.


O alvo, o prêmio, a coroa, são a plenitude da salvação, a salvação completa, que vai além da libertação da culpa e do poder do pecado. O alvo é a consumação da salvação, que inclui também a libertação da presença do pecado, tanto através da ressurreição do corpo como da criação de novos céus e nova terra.


Não podemos parar no meio do caminho, entre a largada e a chegada. É preciso terminar a caminhada e agarrar o alvo com as duas mãos!


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*Revista ULTIMATO Setembro-Outubro 2007, p. 8 (http://www.ultimato.com.br/)