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terça-feira, 17 de junho de 2008

A Marca da Promessa - por Patrick Cezar



Em Efésios 1. 13, o apóstolo Paulo fala do selo que recebemos do Senhor no momento de nossa conversão. Este selo que nos marca e nos torna diferentes dos demais é o próprio Espírito Santo. Ele habita em todo aquele que se arrependeu verdadeiramente, entregando sua vida ao Senhor Jesus. Este selo também é o nosso penhor, ou seja, ele é a garantia de que receberemos aquilo que nos está reservado em Cristo, isto é, a glorificação de nosso corpo e a permanência eterna ao seu lado.

Nestes últimos dias estava meditando nesta verdade da Palavra de Deus e em um dos cânticos do Ministério Trazendo a Arca que traz o mesmo título deste artigo. Então, fiquei pensando sobre o que é mais valioso para nós que temos a “marca da promessa”?

Muitos são os problemas, privações, ausências, afrontas e perseguições que compõem o nosso dia-a-dia como cristãos. Mas nenhuma dessas coisas pode roubar a certeza que temos da glória e do futuro glorioso que nos espera.

Problemas e adversidades fazem parte da nossa caminhada, mas elas, por maiores que pareçam, não podem nos roubar o gozo de estar na presença do Senhor. Podemos estar impossibilitados de desenvolvermos alguma função institucional, mas a alegria da nossa salvação estará sempre dentro do nosso coração. A “marca da promessa” nos dará o conforto de que Deus está ao nosso lado e que o realizar não é mais importante do que o ser eleito de Deus.

Sendo assim, podemos pergunta: “mas quem vai apagar o selo que a há em mim, a marca da promessa que Ele me fez?”. O fato de estarmos alicerçados nas promessas de Deus nós dá uma única certeza: “Aquele que me prometeu é fiel para cumprir”. E quando menos esperarmos um milagre irá acontecer diante de nossos próprios olhos.

Davi no salmo 40 fala que em um momento estava dentro de um charco de lodo e mais na frente o salmista registra que o Senhor o fez assentar entre príncipes. O profeta Isaías falando da parte de Deus destaca que se passarmos pelo fogo o Senhor estará conosco e se pelas águas elas não nos submergirão, baseado nessa passagem outro cântico do Trazendo a Arca diz: “Se o mar me submergir a tua mão me traz a tona pra respirar, e me faz andar sobre as águas. Tu és o Deus da minha salvação, és o meu dono, minha paixão, minha canção e o meu louvor!” Pensando nisso lembrei de algo que um certo homem de Deus me falou um dia. Ele me falou que “na vida cristã não existe exaltação sem crucificação”.

Sendo assim, acredito que não importa se estamos em uma inundação, ou no meio de um incêndio, sabemos que Deus nunca nos abandonará. Ele estará conosco, do nosso lado, nos dando forças e nos fazendo perceber que não são as coisas que temos ou fazemos que nos trazem alegria, mas sim a sua presença e o fato de desfrutarmos da sua Graça derramada sobre nós.

Então, para o verdadeiro cristão, bens materiais, privações, falatórios e visões humanos não abalam a certeza que Deus plantou em seu coração. Podemos até nos entristecer, mas logo em seguida a certeza que a “Marca da Promessa” traz invade o nosso coração de alegria e de esperança.

“Bom é ter esperança,
e aguardar em
silêncio
a salvação do Senhor.”

(Lamentações 3.26)


ONDE ESTÃO OS PROFETAS BRASILEIROS - por Beto Ramos‏

Era o segundo dia de uma campanha que estava sendo realizada naquela igreja. Até então, o discurso neopentecostal do pregador não havia ultrapassado aquilo que, infelizmente, já estamos acostumados a ouvir: ênfase em promessas de vitória na área financeira, testemunhos ousados sobre como pessoas foram abençoadas através de votos em suas campanhas, profecias um tanto quanto estranhas e exageradas, etc. No entanto, esta noite de sábado, seria marcante para mim; eu quase não poderia acreditar no que aquele pregador falaria mais tarde com tanta convicção no púlpito.
Ele começou com a leitura do terceiro capítulo de Gênises, onde se tratava da queda do homem pela atuação da serpente. Depois disto, discorreu sobre a importância de ouvirmos a voz de Deus (chamada de primeira voz) e desprezarmos a voz do diabo (chamada de segunda voz), referindo-se à passagem mencionada e ao fato de Adão ter dado ouvidos à voz da serpente.
Antes de chegar ao ponto que mais me espantou, ele fez o estranho comentário sobre, no dia anterior, ter tido uma visão na qual a rua, onde a igreja se situava, estava toda ensangüentada, e recomendou para que ninguém saísse daquele local sem que antes recebesse a benção pastoral, no fim do culto.
Não coincidentemente, ele dirigiu sua oratória para aquilo que considerei ser o ponto mais terrível daquela reunião, e também o mais assustador. Devido às heresias que foram mencionadas, percebi que o pregador conduzira o seu discurso, premeditadamente, para algo que, até então, eu desconhecia em meio evangélico. Apesar de já ter lido sobre e presenciado cultos neopentecostais, nunca havia me deparado com o que ele apresentaria àquela congregação.
Ele havia levado ao púlpito uma série de saquinhos chamados, por ele, de alforjes, os quais estavam marcados com valores pré-estipulados com diversas quantias; as pessoas foram convocadas a ir à frente para, no púlpito, realizarem um pacto com Deus. Eles deveriam tomar o seu alforje para que, no próximo culto, fizessem suas doações. Você talvez esteja pensando: O que há de diferente nisto? Todos nós já vimos e/ou ouvimos comentários sobre coisas parecidas. É verdade, já vimos e/ou ouvimos isto. Mas esperem-me terminar de relatar o fato.
O pregador contou o testemunho de um crente endividado que, pela fé, emprestou dinheiro em um banco para cumprir o seu voto (R$5.000,00 Reais), feito em uma de suas campanhas, e que ele foi tremendamente recompensado por Deus, por ter agido desta forma.
Agora lhes revelo o que mais me chocou em tudo isto; ele nomeou aquelas ofertas de “Ofertas Memoriais”, e mencionou com toda a nitidez que, aqueles que fizessem o pacto com Deus, tomando um “alforje”, e, na próxima reunião, realizassem a doação, quando estes estivessem em dificuldades, Deus se lembraria daquela oferta e os abençoaria. Ele não parou por aí, e mencionava da seguinte forma: “Vocês são obrigados a doar”? Não. Mas... qual voz vocês vão ouvir? A primeira ou a segunda?
Logo após se referir a uma terrível visão, e de ter pregado sobre ouvir a voz de Deus e se recusar à voz do diabo; como você acha que ficou a mente e o coração daqueles ouvintes? Você já deve imaginar. Muitos ficaram assustados e, para não contrariar o que seria uma mensagem divina, eles foram à frente pegar os seus alforjes. Eles não iriam se capitular àquilo que era indicado como sendo a voz do inimigo, dizendo a eles para não realizar o “pacto com Deus”.
Não me admirarei se, em breve, souber de igrejas evangélicas que estão vendendo indulgências, uma vez que este ato que acabo de relatar se aproxima, descaradamente, desta prática que, outrora, foi denunciada pelos nossos antecessores, os reformadores protestantes. O Evangelho de Obras e Boas Ações ensinado pela Igreja Católica, já não é uma exclusividade dela, penetrou em meio protestante e está impregnado em quase todo - senão todo - o movimento evangelical brasileiro.
Enquanto Jesus diz “tudo o que pedires em meu nome isso farei, afim de que o Pai seja glorificado no filho” (João 14-13), os porta-vozes da Teologia da Prosperidade dizem: “se queres receber; façam isto e aquilo”. Eles criam obstáculos para que as pessoas recebam as bênçãos de Deus pela simples e maravilhosa graça (favor imerecido).
Outro dia, na mesma igreja, fora realizada uma campanha na qual, as pessoas participantes, deveriam cortar um pedaço de unha para ser queimada; isto para que fossem libertas de todo mal. E, imaginem só, a pregadora fundamentou seu discurso em Êxodo 10:26 que diz; “ e também o nosso gado há de ir conosco, nem uma UNHA FICARÁ (o texto fala sobre como Deus realizaria a saída dos hebreus do Egito). Como se pode notar, não houve a exegese do texto. Infelizmente muitas pessoas estão sendo enganadas por estes discursos.
Paulo Romeiro, em seu livro Decepcionados com a graça, trata de maneira corajosa sobre os rumos que o movimento evangelical brasileiro tem tomado. No entanto, é pouco. Mais profetas precisam surgir e bradar para que todos ouçam o verdadeiro Evangelho da Graça e as severas penas destinadas aqueles que, como disse Judas, “infiltraram em vosso meio... homens ímpios que transformaram a Graça de Deus em libertinagem, e negam a Jesus Cristo como único Soberano e Senhor” (Judas 1-4). A palavra deixa clara em Provérbios 29-19 que em “não havendo profecia o povo perece”. Precisamos de mais profetas; Onde estão os profetas brasileiros? Onde estão os “Elias” e “Joãos Batistas” da nossa geração?
Deixo aqui a declaração de que não me assusto com a atitude do insigne pastor Ricardo Gondim, a quem admiro tremendamente, sem tietagem ou qualquer forma de puxa-saquismo religioso. Não sou alguém de grande influência no meio evangélico brasileiro, confesso que ainda são muito jovem e necessitado de aprender muito mais da maravilhosa palavra de Deus. No entanto, com o pouco que aprendi e me tem sido revelado por Deus nas escrituras, entendo ser imprescindível escrevermos textos como este para despertarmos nossos irmãos, e incitarmos mais e mais crentes comprometidos com o Evangelho a denunciar a distorção da palavra do Deus Vivo.
Oremos a Deus para que haja avivamento bíblico em nossa nação, intercedamos para que nossos líderes abram seus olhos para a verdade, e, imprescindível, também ajamos para que não sejamos apenas teóricos; covardes escondidos em nossos quartos apenas suplicando a Deus, sem nos mover, inoperantes como caramujos escondidos em suas cascas guardando, somente para si, a Palavra de Verdade que liberta.
Beto Ramos, no Fraternus.