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quinta-feira, 23 de outubro de 2008

As afirmações de um revolucionário‏




Sou um revolucionário a serviço do Deus Todo-Poderoso. Minha vida não é minha; existo como uma pessoa livre, mas tornei-me voluntariamente um escravo de Deus. Meu papel na terra é viver como um revolucionário, comprometido com o amor, como a santidade e com o avanço do Reino de Deus. Nem eu nem os meus desejos naturais são o foco da minha vida, tudo se concentra em conhecer, amar, e servir a Deus de todo o coração, mente, força, e alma. Portanto, reconheço o seguinte:


- Sou pecador, quebrantado pela minha desobendiência mas restaurado por Jesus Cristo, a fim de participar de boas obras que agradem a Deus. Não sou perfeito; mas Jesus Cristo me torna justo aos olhos de Deus, e o Espírito Santo me guia em direção a uma santidade mais elevada.Deus me criou para os seus propósitos. Meu desejo como revolucionário é cumprir estas finalidades e apenas estas. Quando levanto a cada dia, faço isto por um único propósito: amar, obedecer, e servir a Deus e seu povo.
- Cada vez que respiro faço uma declaração de guerra contra Satanás e tomo o compromisso de opor-me a ele.
- Deus não precisa que eu lute por Ele, mas me convida a permitir que Ele lute através de mim. É meu privilégio servi-lo desta maneira. Espero e irei suportar alegremente várias dificuldades enquanto sirvo a Deus; porque este é o preço da participação para vencer a guerra espiritual.
- Não preciso salvar o mundo; Jesus Cristo já fez isto. Não posso transformar o mundo, mas posso permitir que Deus faça uso de mim para transformar parte dele.
- Meu compromisso com a revolução de fé é selado pela minha rendição completa aos caminhos e á vontade de Deus. Farei com gratidão o que Ele me pedir, simplesmente porque Ele me ama o suficiente para pedir-me algo. Obtenho segurança, sucesso e significado mediante minha rendição a Ele.
- Não sou chamado para frequentar ou juntar-me a uma igreja. Sou chamado para ser a Igreja.
A adoração não é um evento do qual participo ou um processo que observo; é o meu estilo de vida.- Não dou dez por cento de meus recursos. Entrego com por cento.
- Deus me deu habilidades naturais e sobrenaturais, todas com o propósito de avançar o seu Reino. Vou desenvolver essas habilidades com este propósito.
- A prova da minha condição de revolucionário é o amor que mostro a Deus e às pessoas.
- Há força nos relacionamentos; estou preso pelo coração e pela alma a outros revolucionários, e abençoarei os crentes sempre que tiver oportunidade.
- Não é preciso que eu faça nada para obter a vitória na guerra espiritual em que estamos mergulhados; devo simplesmente seguir Cristo com tudo que tenho.
- Não há chamado maior do que conhecer e servir a Deus.
- O mundo está buscando desesperadamente significado e propósito. Responderei a essa necessidade com as Boas-Novas e serviço significativo.
- A verdade moral absoluta e espiritual existe, é possível conhecê-la e é feita para mim; ela é acessível por meio da Bíblia.
- Não quero nada senão ouvir Deus dizer-me, "Bem feito, servo bom e fiel".
Obrigado, Senhor Deus, por amar-me, por salvar-me, por purificar-me, por abençoar-me, e por incluir-me no trabalho do teu Reino. Minha vida é tua para ser usada conforme for do teu agrado. Eu te amo.

George Barna em Revolução p. 138,139,140

terça-feira, 7 de outubro de 2008

APRENDENDO COM MOISÉS – por Patrick Cézar


No decorrer da narrativa bíblica encontramos a história de verdadeiros homens de Deus. Homens que mesmo em meio a suas fraquezas, enquanto seres humanos, puderam desfrutar da maravilhosa Graça de Deus. Eles não eram super-homens, não possuíam poderes sobre-humanos e nem tinham capacidades incomuns como os mutantes da serie HEROES. Eram pessoas simples e dotadas de imperfeições e grandes falhas.

Durante esta semana tenho estudado a vida de uma desses homens de Deus. Imperfeitos e com um passado marcado pela falhar e o pecado, o nome dele é Moisés, o grande líder e legislador do Povo de Israel.

Tenho meditado em alguns momentos da vida deste homem de Deus e tenho percebido que ele não era muito diferente de cada um de nós, cristãos normais que vivenciamos a realidade do século XXI.

Quando eu era mais novo tinha uma idéia, um tanto simplista, que todo homem de Deus não deveria ter nenhuma falha e que deveria ser o grande exemplo para os crentes que ele liderava. Eu não aceitava que um líder cometesse erros e mesmo assim fosse considerado como padrão. Porém, ao estudar a história de Moisés, através do devocionário escrito pelo Rev. John Stott (A BÍBLIA TODA, O ANO TODO, Viçosa, MG: Ultimato, 2007), pude perceber que este homem de Deus também passou por momentos difíceis e também cometeu erros considerados por muito em nossos dias como inaceitáveis para um líder cristão. Dessa forma, contrariando a minha idéia simplista da infância.

Moisés carregava em seu passado o sangue de um homem que ele matara e que o levou a fugir para se esconder por quarenta anos em Midiã, porém Deus tinha algo para realizar através daquele homem que tentou, no passado distante, fazer justiça com as próprias mãos.
Diante deste fato pude perceber que mesmo diante de várias injustiças não devemos agir por nossa própria conta para estabelecer aquilo que consideramos justo, mas devemos esperar pelo tempo do Senhor, pois é o Senhor que retribui a cada um a parte certa. Também percebi que Deus conduziu Moisés para a terra de Mídia para poder esfriar a cabeça e poder aprender, como diz Stott, “que só é possível fazer a vontade de Deus do jeito dele.” (p. 54).

Mas as lições sobre a vida de Moisés não param por aqui, num segundo momento de sua vida quando Deus chama-o para libertar o seu povo pude perceber a humanidade de Moisés. Ao apresentar os seus obstáculos para não realizar a obra de Deus, Moisés destaca três coisas que ele considera relevantes para impedi-lo de realizar o que Deus queria.

Primeiro, ele não estava acreditando que tinha capacitação para a tarefa, porém Deus desarticula a sua argumentação afirmando que estaria com ele todo o tempo. Em seguida ele demonstra que os israelitas não iriam acreditar na sua palavra; eles sabiam que ele tinha matado um homem no passado. Então Deus concede a ele a capacidade de operar milagres para que o povo soubesse que Deus era com ele e que acreditava nele independente do ele tinha feito no passado. E em terceiro lugar, ele afirma não ter eloqüência e que possuía dificuldades físicas para exercer este ministério, no entanto Deus mais uma vez quebra a sua argumentação com uma contundente afirmativa, fora ele quem criara a boca dele e que estaria com ele todos os momentos.

Nesta situação pude aprender que Deus conta com pessoas com falhas e com limitações. Não são super-homens que ele chama para a sua obra, mas sim pessoas que crêem na sua palavra e no poder que ele tem de transformar vidas através de nossas vidas. Deus não vive de passado!

Por fim, um momento que me chamou a atenção foi o momento do confronto de Moisés e o Faraó, onde Deus iria manifestar a sua justiça e poder entre os egípcios. E Stott faz uma pergunta em seu devocionário: “Qual o propósito de todas estas pragas?” e ele responde citando um texto sagrado: “Para que você saída que eu sou o Senhor.” (Êx. 9.14). Nesta situação pude aprender que todas as circunstâncias da vida acontecem para o louvor da glória do nome do Senhor e mesmo que elas sejam negativas aos nossos olhos sabemos que Deus continua sendo Deus e Senhor de nossas vidas e que ele continua reinando assentado sobre todo o universo.

Somente a Deus a Glória!

segunda-feira, 15 de setembro de 2008

A espiritualidade da vergonha - por Ricardo Barbosa de Sousa *



Na sociedade moderna, a tolerância transformou-se na maior de todas as virtudes. Aceita-se tudo, não se critica nada. O que mais me preocupa não é a capacidade de compaixão e paciência que a tolerância produz em nós, mas a ausência, cada vez maior, de valores e princípios absolutos que nos ajudam a separar o justo do injusto, o certo do errado.

O sociólogo francês Gilles Lipovetsky, em seu livro “A Sociedade Pós-Moralista”, descreve assim a tolerância na cultura moderna: “A tolerância adquire uma maior fundamentação social não tanto pelo fortalecimento da compreensão dos deveres de cada um perante o próximo, mas em razão de uma nova dimensão cultural que rejeita os grandes projetos coletivos, exaurindo de sentido o moralismo autoritário, diluindo o conteúdo das discussões ideológicas, políticas e religiosas de toda a conotação de valor absoluto, orientando cada vez mais os indivíduos rumo à sua própria meta de realização pessoal”. Ou seja, a ausência de uma consciência coletiva, a rejeição a qualquer verdade que seja absoluta e a busca pela realização pessoal geram uma forma perigosa de tolerância.
Entretanto, o perigo da rejeição a uma verdade absoluta está no fato de que ser tolerante hoje implica, necessariamente, não julgar, não ter mais critérios que separem o bem do mal, o justo do injusto; e, uma vez que não julgamos mais, poucas coisas nos chocam ou abalam e, quando o fazem, é por pouco tempo. Vivemos um estado de normalidade caótica, de paz frágil, de tranqüilidade tão relativa quanto os nossos valores.
Na oração de confissão de Daniel há uma declaração que vem se tornando cada dia mais rara entre nós: “A ti, ó Senhor, pertence a justiça, mas a nós, o corar de vergonha” (Dn 9.7). Isto não acontece mais. Somos demasiadamente tolerantes para “corar de vergonha”. Mesmo diante de fatos trágicos e deploráveis que vemos todos os dias, o máximo que conseguimos é uma indignação passageira. Porém, é a possibilidade de corar de vergonha que não me permite rir da corrupção, achar normal a promiscuidade, conviver naturalmente com a maldade e a mentira, ou, ainda, achar graça da injustiça.
Vivemos numa cultura que se orgulha do pecado, glamourizando-o através dos meios de comunicação, fazendo das tribunas públicas um palco de mentiras, organizando marchas para celebrá-lo, rindo da corrupção, exaltando a esperteza. E ninguém fica corado de vergonha.
Daniel contrasta, de um lado, a natureza justa de Deus e, de outro, a corrupção e a injustiça do seu povo. Ele só é capaz de fazer isto porque sua ética e moral estão ancoradas em verdades absolutas sobre as quais não pode haver tolerância. A conclusão a que ele chega é que, diante da justiça divina e do quadro trágico de um povo que se orgulha de sua maldade, o que sobra é o “corar de vergonha”.
Ele nos apresenta aqui a importância de uma vergonha saudável e essencial na preservação da dignidade humana e espiritualidade cristã. A vergonha aqui é a virtude que nos ajuda a reconhecer nossos erros, limitações, faltas e pecados porque ainda somos capazes de perceber que existe algo melhor, mais belo, mais sublime, mais nobre, mais justo, mais santo e mais humano pelo qual vale a pena lutar. A vergonha nos impõe um limite. É por isto que o caminho para o crescimento e amadurecimento passa pela capacidade de ficar corado de vergonha diante de tudo aquilo que compromete a justiça e a santidade. No caminho da santidade lidamos com o amor, verdade, bondade, justiça, beleza, entrega, doação e cuidado. A falta de vergonha nos leva a negar este caminho e optar pela mentira, manipulação, engano, falsidade, hipocrisia e violência.
“Corar de vergonha” é uma virtude que falta na experiência espiritual moderna, a virtude de olhar para o pecado que habita em nós, a mentira e o engano que residem nos porões da alma, a injustiça que se alimenta do egoísmo, a malícia que desperta os desejos mais mesquinhos, e se entristecer. Precisamos reconhecer que foram os nossos pecados que levaram o Santo Filho de Deus a sofrer a vergonha da cruz. Quando olhamos para a cruz e contemplamos nela a beleza e a pureza do amor, só nos resta “corar de vergonha”.
* Ricardo Barbosa de Sousa é pastor da Igreja Presbiteriana do Planalto e coordenador do Centro Cristão de Estudos, em Brasília. É autor de “Janelas para a Vida” e “O Caminho do Coração”.

quinta-feira, 11 de setembro de 2008

BOM É ESPERAR! – por Patrick Cézar


"Bom é ter esperança, e aguardar em silêncio a salvação do SENHOR". (Lm. 3.26)


Dizem que a pressa é a inimiga da perfeição. Então, a virtude de esperar deve ser a melhor amiga da perfeição. Coisa que está ausente em nossa geração. Esperar hoje é um mal. Quem nunca ficou estressado por ficar esperando a fila do banco andar, ou ficou desesperado porque a conexão da internet ficou lenta demais só porque ela é discada.

Vivemos na geração instantânea, onde tudo deve acontecer de forma mais rápida possível. Esperar já não é mais uma virtude e sim uma falha no bom atendimento ou na prestação de serviços. Em pesquisa recente vinculada na mídia falava-se do tempo que as pessoas consideravam demorado para aguardar o atendimento via telefone. A maioria das pessoas considerava 2 minutos tempo demais para se esperar ao telefone. Hoje, mais do que nunca, o lema: “Time is money!” (Tempo é dinheiro!) fez tanto sentido. Para contrariar este pensamento moderno (ou pós-moderno) o profeta Jeremias nos ensina que: Bom é esperar! Bom é ter esperança! Bom é aguardar!

Durante a vida cristão Deus nos permite passar por situações em que devemos fazer como o profeta Jeremias, “...aguardar em silêncio...”. Para nós, modernos (ou pós-modernos), muitas vezes, isso se torna muito mias difícil esperarmos e além do mais esperarmos em silêncio. Queremos logo buscar os nossos direitos e reivindicar a justiça que achamos certa para as nossas vidas. Hoje, quando a Teologia da Prosperidade vem pregando que o crente deve exigir de Deus os seus direitos obtidos por herança através de Cristo na cruz, devemos entender que Deus é o Senhor da História e que ele a conduz para o cumprimento do seu propósito, mesmo que aos nossos olhos as coisas demorem a acontecer. A visão de Deus é geral e vê o principio e o fim de uma só vez. Nós temos uma visão limitada e por isso nos desesperamos com as adversidades e tribulações. Mas, quando temos isso em mente não nos desesperamos, mas simplesmente descansamos.

Jeremias entendia muito bem isso e por este motivo pôde expressar que a melhor coisa a se fazer é “aguardar em silêncio a salvação do SENHOR”. Quando confiamos e esperamos no Senhor temos a certeza que todas as coisas que nos acontecem durante o período que esperamos servirão para o nosso crescimento e para que tenhamos o nosso relacionamento com Ele cada vez mais fortalecido (cf. Rm. 8.28).

Viver em meio à adversidade e ainda assim manter a esperança no Senhor é uma coisa que aprendemos muito bem com o profeta Jeremias. Em vários trechos do livro de Lamentações de Jeremias vemos o profeta apresentando a situação de adversidade e de miséria do seu povo e a postura correta que os servos de Deus devem ter.

As misericórdias do SENHOR são a causa de não sermos consumidos, porque as suas misericórdias não têm fim; Novas são cada manhã; grande é a tua fidelidade.
A minha porção é o SENHOR, diz a minha alma; portanto esperarei nele.
Bom é o SENHOR para os que esperam por ele, para a alma que o busca.
Bom é ter esperança, e aguardar em silêncio a salvação do SENHOR.
(Lamentações 3.22-26)


O profeta chama a atenção do povo para os atributos de Deus e pelo que Ele e por este motivo podemos aguardar com paciência o seu agir. E acima de tudo: só conseguimos esperar pelo seu agir porque é ele que nos sustenta e leva a alcançarmos o seu propósito em nossas vidas.

Para o apóstolo Paulo a paciência está ligada à perseverança e à obra da justificação em nossas vidas. Perceba:

“Tendo sido, pois, justificados pela fé, temos paz com Deus, por nosso Senhor Jesus Cristo; Pelo qual também temos entrada pela fé a esta graça, na qual estamos firmes, e nos gloriamos na esperança da glória de Deus.
E não somente isto, mas também nos gloriamos nas tribulações; sabendo que a tribulação produz a paciência, e a paciência a experiência, e a experiência a esperança.
E a esperança não traz confusão, porquanto o amor de Deus está derramado em nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado.”
(Romanos 5.1-5)

Dessa forma, se somos justificados pelo Senhor temos em nós a presença do Santo Espírito que nos orienta e nos conduz a perseverança. E mesmo que passemos por tribulações termos a certeza que o Senhor com a sua graça e com a sua misericórdia irá nos dá forças e nos ajudar em nossa caminhada até chegarmos em nosso lugar de descanso eterno, onde não haverá mais a tristeza, a dor, a tribulação e a nos veremos livre completamente do ação do pecado e lá estaremos para sempre com o Senhor (cf. João 14.1-3). Bom é esperar pela salvação que vem do Senhor!


Somente a Deus seja a Glória!

quarta-feira, 27 de agosto de 2008

A espiritualidade do seguimento


Não resta dúvida: o cerne da espiritualidade cristã está em seguir a Jesus.

No princípio, era o seguidor! Jesus irrompia inesperadamente e dizia: “Segue-me, venha após a mim”. A resposta positiva exigia uma ruptura com a maneira de viver até aquele momento do que aceitava o convite. A vida deveria ser reorganizada. O centro era o mestre e o caminho apontado por ele. Quem aceitava tal convite nos seus termos tornava-se um discípulo. Também, no princípio, existia o simpatizante: aquele que se emocionava com as palavras do Cristo, achava fantásticos os seus milagres, impressionava-se com a originalidade de suas atitudes, nutria enorme curiosidade por encontrá-lo – mas não colocava o pé no caminho. Simpatizava até o ponto de não precisar mudar seu estilo de vida. Tinha admiração, mas não estava interessado na transformação resultante da formação espiritual à qual todos os discípulos viveriam quando resolvessem caminhar o caminho proposto pelo Filho de Deus.

Ainda no princípio, havia o consumidor. Este sequer tinha tempo de ouvir o Senhor; desejava, isso sim, comer o pão e o peixe multiplicados, ansiava pela cura da perna atrofiada, somente tinha interesse em ser restaurado da lepra... Uma vez alcançada a graça, nem sequer lembrava de retornar para agradecer. O discípulo seguia Jesus porque o admirava; o simpatizante admirava sem o seguir, e o consumidor nem seguia e nem admirava, posto que Jesus era apenas um provedor de suas necessidades, e não alguém a apontar-lhe um caminho transformador.

Jesus conviveu indistinta e graciosamente com estes três grupos dentro da multidão que gravitava ao seu redor. Nunca se negou a oferecer caminho aos seguidores, admiração aos simpatizantes e provisão aos consumidores. Todavia, o rabi sabia que os discípulos eram os protagonistas para cumprir sua missão no mundo. Certamente, ele não contava com simpatizantes e consumidores para o estabelecimento do Reino de Deus. Estava certo, como sempre! Nos duzentos anos que se seguiram à sua morte, o pequeno e frágil grupo inicial de discípulos, apaixonado por sua missão, se espalhou por todo Império Romano. Eles haviam sido convocados pessoalmente para seguir um caminho; colocaram o pé na estrada e saíram pelas vilas e cidades com a mesma convocação com que foram convocados: sigamos o seu caminho. Quanto aos simpatizantes e consumidores, não se sabe o que aconteceu com eles. Afinal, quem fez a história foram os discípulos.

Não resta dúvida: o cerne da espiritualidade cristã está em seguir a Jesus. Quando decidimos conscientemente seguir o seu caminho, então a espiritualidade cristã começa a fluir em nós. O Pai, pelo seu Espírito, vai nos transformando na imagem de seu Filho à medida que damos os passos no caminho. Fora do seguimento, não há espiritualidade. Todos nós estamos necessitados de retornar à experiência original dos primeiros discípulos. Sim, nossa carência essencial está em “ver” Jesus de novo surgir em meio à nossa complexa e agitada vida, cheia de cansaço e dores, e sussurrar com ternura e vigor ao nosso coração: “Vem e segue-me!” Quando ele irromper no nosso cotidiano, como aconteceu com os pescadores da Galiléia ou com o coletor de impostos da Judéia, com aquele sedutor olhar a nos convidar a seguir o seu caminho, e largarmos as redes ou a segurança da coletoria, aceitando seu convite, então, experimentaremos real comunhão com o Deus trinitário. Longe do caminho do Filho, não seremos capazes de enxergar a face do Pai e tampouco vivenciar a presença do Espírito. De fato, no cristianismo bíblico, espiritualidade é um mero sinônimo de seguimento.

Se as nossas orações, liturgias, louvores, corais, células, congressos e mensagens não apontam o caminho do Senhor e não convocam o mundo para segui-lo, então, tudo isso pode até ser espiritualidade, mas não é cristã. Se nossas igrejas se tornam fontes de atração para consumidores e admiradores, ao invés de espaços comunitários formadores de discípulos, tenhamos consciência: todos devem ser tratados com graça e amor, como Jesus fez, mas só cumpriremos sua missão no mundo sendo e formando seguidores. Não deveríamos, mas, infelizmente, estamos hoje diante de uma encruzilhada, que por natureza é o entroncamento de dois caminhos. Entrar por um é necessariamente excluir o outro. Ou escolhemos a espiritualidade do entretenimento, que produz simpatizantes e consumidores, ou optamos pela espiritualidade do seguimento, a que gera discípulos. Tenhamos, contudo, uma certeza – desde sempre, Jesus já fez a sua escolha. Basta, apenas, que o imitemos nela.

Eduardo Rosa Pedreira é pastor da Comunidade Presbiteriana da Barra da Tijuca, doutor em teologia com ênfase em espiritualidade pela PUC-RJ. É, também, fundador do Renovare Brasil, ministério comprometido com a disseminação e a vivência da Formação Espiritual como sendo um dos principais pilares da igreja cristã brasileira. Site: www.renovare.org.br / E-mail: renovare@renovare.org.br


Fonte: www.cristianismohoje.com.br

quinta-feira, 17 de julho de 2008

FOME DE QUÊ? SEDE DE QUÊ?




“Bem aventuras os que têm fome e sede de justiça, pois serão satisfeitos.”
(Mt. 5.6 – NVI)


Você tem fome e sede de justiça? Mas, que tipo de justiça? A sua justiça ou da justiça do Reino de Deus? Felizes os que têm sede e fome da Justiça que tem como base os princípios e os valores da Palavra de Deus.

Nas Bem aventuranças, pregadas por Jesus a uma grande multidão, notamos as características fundamentais dos que se tornaram e daqueles que desejam se tornar cidadãos do Reino de Deus. Não de um Reino unicamente futuro, mas de um Reino que se manifesta na vida daqueles que se submetem ao Senhorio do Grande Rei Jesus. Uma dessas características é ter fome e sede de justiça.

Fome e sede de justiça moral. Diante de um mundo que se destrói por sua própria maldade e que se corrompe cada vez mais por causa do pecado precisamos levantar a nossa voz contra praticas que são contrárias às verdades de Deus. Somos o sal da terra e a luz do mundo que precisa conservar e brilhar em meio ao sistema pecaminoso que impera.

Fome e sede de justiça social. Mesmo vivendo em um sistema social dominado pelo pecado, onde as injustiças e desigualdades se tornam, a cada dia, corriqueiras, devemos lutar por atitudes que valorizem a solidariedade e o altruísmo, onde o outro seja valorizado.

Nossa realidade é marcada por atos que ferem a os princípios morais de Deus e de injustiças sabemos que a nossa esperança esta baseada na promessa daquele que falou: “os que têm fome e sede de justiça, pois serão satisfeitos.”.

Não confiamos em uma ideologia fruto de especulações humanas, ou de um sistema econômico revolucionário, mas sim na Pessoa do Mestre Jesus que nos prometeu que iria saciar a nossa fome e sede de justiça.

Que sejamos estes instrumentos pelos quais Deus venha manifestar a Sua justiça ao mundo. Que a nossa oração seja a mesma feita pelo Mestre: “Venha o teu Reino; seja feita a tua vontade, assim na terra como no céu.” (Mt. 6.10 – NVI).



Patrick Cezar da Silva

terça-feira, 17 de junho de 2008

A Marca da Promessa - por Patrick Cezar



Em Efésios 1. 13, o apóstolo Paulo fala do selo que recebemos do Senhor no momento de nossa conversão. Este selo que nos marca e nos torna diferentes dos demais é o próprio Espírito Santo. Ele habita em todo aquele que se arrependeu verdadeiramente, entregando sua vida ao Senhor Jesus. Este selo também é o nosso penhor, ou seja, ele é a garantia de que receberemos aquilo que nos está reservado em Cristo, isto é, a glorificação de nosso corpo e a permanência eterna ao seu lado.

Nestes últimos dias estava meditando nesta verdade da Palavra de Deus e em um dos cânticos do Ministério Trazendo a Arca que traz o mesmo título deste artigo. Então, fiquei pensando sobre o que é mais valioso para nós que temos a “marca da promessa”?

Muitos são os problemas, privações, ausências, afrontas e perseguições que compõem o nosso dia-a-dia como cristãos. Mas nenhuma dessas coisas pode roubar a certeza que temos da glória e do futuro glorioso que nos espera.

Problemas e adversidades fazem parte da nossa caminhada, mas elas, por maiores que pareçam, não podem nos roubar o gozo de estar na presença do Senhor. Podemos estar impossibilitados de desenvolvermos alguma função institucional, mas a alegria da nossa salvação estará sempre dentro do nosso coração. A “marca da promessa” nos dará o conforto de que Deus está ao nosso lado e que o realizar não é mais importante do que o ser eleito de Deus.

Sendo assim, podemos pergunta: “mas quem vai apagar o selo que a há em mim, a marca da promessa que Ele me fez?”. O fato de estarmos alicerçados nas promessas de Deus nós dá uma única certeza: “Aquele que me prometeu é fiel para cumprir”. E quando menos esperarmos um milagre irá acontecer diante de nossos próprios olhos.

Davi no salmo 40 fala que em um momento estava dentro de um charco de lodo e mais na frente o salmista registra que o Senhor o fez assentar entre príncipes. O profeta Isaías falando da parte de Deus destaca que se passarmos pelo fogo o Senhor estará conosco e se pelas águas elas não nos submergirão, baseado nessa passagem outro cântico do Trazendo a Arca diz: “Se o mar me submergir a tua mão me traz a tona pra respirar, e me faz andar sobre as águas. Tu és o Deus da minha salvação, és o meu dono, minha paixão, minha canção e o meu louvor!” Pensando nisso lembrei de algo que um certo homem de Deus me falou um dia. Ele me falou que “na vida cristã não existe exaltação sem crucificação”.

Sendo assim, acredito que não importa se estamos em uma inundação, ou no meio de um incêndio, sabemos que Deus nunca nos abandonará. Ele estará conosco, do nosso lado, nos dando forças e nos fazendo perceber que não são as coisas que temos ou fazemos que nos trazem alegria, mas sim a sua presença e o fato de desfrutarmos da sua Graça derramada sobre nós.

Então, para o verdadeiro cristão, bens materiais, privações, falatórios e visões humanos não abalam a certeza que Deus plantou em seu coração. Podemos até nos entristecer, mas logo em seguida a certeza que a “Marca da Promessa” traz invade o nosso coração de alegria e de esperança.

“Bom é ter esperança,
e aguardar em
silêncio
a salvação do Senhor.”

(Lamentações 3.26)


ONDE ESTÃO OS PROFETAS BRASILEIROS - por Beto Ramos‏

Era o segundo dia de uma campanha que estava sendo realizada naquela igreja. Até então, o discurso neopentecostal do pregador não havia ultrapassado aquilo que, infelizmente, já estamos acostumados a ouvir: ênfase em promessas de vitória na área financeira, testemunhos ousados sobre como pessoas foram abençoadas através de votos em suas campanhas, profecias um tanto quanto estranhas e exageradas, etc. No entanto, esta noite de sábado, seria marcante para mim; eu quase não poderia acreditar no que aquele pregador falaria mais tarde com tanta convicção no púlpito.
Ele começou com a leitura do terceiro capítulo de Gênises, onde se tratava da queda do homem pela atuação da serpente. Depois disto, discorreu sobre a importância de ouvirmos a voz de Deus (chamada de primeira voz) e desprezarmos a voz do diabo (chamada de segunda voz), referindo-se à passagem mencionada e ao fato de Adão ter dado ouvidos à voz da serpente.
Antes de chegar ao ponto que mais me espantou, ele fez o estranho comentário sobre, no dia anterior, ter tido uma visão na qual a rua, onde a igreja se situava, estava toda ensangüentada, e recomendou para que ninguém saísse daquele local sem que antes recebesse a benção pastoral, no fim do culto.
Não coincidentemente, ele dirigiu sua oratória para aquilo que considerei ser o ponto mais terrível daquela reunião, e também o mais assustador. Devido às heresias que foram mencionadas, percebi que o pregador conduzira o seu discurso, premeditadamente, para algo que, até então, eu desconhecia em meio evangélico. Apesar de já ter lido sobre e presenciado cultos neopentecostais, nunca havia me deparado com o que ele apresentaria àquela congregação.
Ele havia levado ao púlpito uma série de saquinhos chamados, por ele, de alforjes, os quais estavam marcados com valores pré-estipulados com diversas quantias; as pessoas foram convocadas a ir à frente para, no púlpito, realizarem um pacto com Deus. Eles deveriam tomar o seu alforje para que, no próximo culto, fizessem suas doações. Você talvez esteja pensando: O que há de diferente nisto? Todos nós já vimos e/ou ouvimos comentários sobre coisas parecidas. É verdade, já vimos e/ou ouvimos isto. Mas esperem-me terminar de relatar o fato.
O pregador contou o testemunho de um crente endividado que, pela fé, emprestou dinheiro em um banco para cumprir o seu voto (R$5.000,00 Reais), feito em uma de suas campanhas, e que ele foi tremendamente recompensado por Deus, por ter agido desta forma.
Agora lhes revelo o que mais me chocou em tudo isto; ele nomeou aquelas ofertas de “Ofertas Memoriais”, e mencionou com toda a nitidez que, aqueles que fizessem o pacto com Deus, tomando um “alforje”, e, na próxima reunião, realizassem a doação, quando estes estivessem em dificuldades, Deus se lembraria daquela oferta e os abençoaria. Ele não parou por aí, e mencionava da seguinte forma: “Vocês são obrigados a doar”? Não. Mas... qual voz vocês vão ouvir? A primeira ou a segunda?
Logo após se referir a uma terrível visão, e de ter pregado sobre ouvir a voz de Deus e se recusar à voz do diabo; como você acha que ficou a mente e o coração daqueles ouvintes? Você já deve imaginar. Muitos ficaram assustados e, para não contrariar o que seria uma mensagem divina, eles foram à frente pegar os seus alforjes. Eles não iriam se capitular àquilo que era indicado como sendo a voz do inimigo, dizendo a eles para não realizar o “pacto com Deus”.
Não me admirarei se, em breve, souber de igrejas evangélicas que estão vendendo indulgências, uma vez que este ato que acabo de relatar se aproxima, descaradamente, desta prática que, outrora, foi denunciada pelos nossos antecessores, os reformadores protestantes. O Evangelho de Obras e Boas Ações ensinado pela Igreja Católica, já não é uma exclusividade dela, penetrou em meio protestante e está impregnado em quase todo - senão todo - o movimento evangelical brasileiro.
Enquanto Jesus diz “tudo o que pedires em meu nome isso farei, afim de que o Pai seja glorificado no filho” (João 14-13), os porta-vozes da Teologia da Prosperidade dizem: “se queres receber; façam isto e aquilo”. Eles criam obstáculos para que as pessoas recebam as bênçãos de Deus pela simples e maravilhosa graça (favor imerecido).
Outro dia, na mesma igreja, fora realizada uma campanha na qual, as pessoas participantes, deveriam cortar um pedaço de unha para ser queimada; isto para que fossem libertas de todo mal. E, imaginem só, a pregadora fundamentou seu discurso em Êxodo 10:26 que diz; “ e também o nosso gado há de ir conosco, nem uma UNHA FICARÁ (o texto fala sobre como Deus realizaria a saída dos hebreus do Egito). Como se pode notar, não houve a exegese do texto. Infelizmente muitas pessoas estão sendo enganadas por estes discursos.
Paulo Romeiro, em seu livro Decepcionados com a graça, trata de maneira corajosa sobre os rumos que o movimento evangelical brasileiro tem tomado. No entanto, é pouco. Mais profetas precisam surgir e bradar para que todos ouçam o verdadeiro Evangelho da Graça e as severas penas destinadas aqueles que, como disse Judas, “infiltraram em vosso meio... homens ímpios que transformaram a Graça de Deus em libertinagem, e negam a Jesus Cristo como único Soberano e Senhor” (Judas 1-4). A palavra deixa clara em Provérbios 29-19 que em “não havendo profecia o povo perece”. Precisamos de mais profetas; Onde estão os profetas brasileiros? Onde estão os “Elias” e “Joãos Batistas” da nossa geração?
Deixo aqui a declaração de que não me assusto com a atitude do insigne pastor Ricardo Gondim, a quem admiro tremendamente, sem tietagem ou qualquer forma de puxa-saquismo religioso. Não sou alguém de grande influência no meio evangélico brasileiro, confesso que ainda são muito jovem e necessitado de aprender muito mais da maravilhosa palavra de Deus. No entanto, com o pouco que aprendi e me tem sido revelado por Deus nas escrituras, entendo ser imprescindível escrevermos textos como este para despertarmos nossos irmãos, e incitarmos mais e mais crentes comprometidos com o Evangelho a denunciar a distorção da palavra do Deus Vivo.
Oremos a Deus para que haja avivamento bíblico em nossa nação, intercedamos para que nossos líderes abram seus olhos para a verdade, e, imprescindível, também ajamos para que não sejamos apenas teóricos; covardes escondidos em nossos quartos apenas suplicando a Deus, sem nos mover, inoperantes como caramujos escondidos em suas cascas guardando, somente para si, a Palavra de Verdade que liberta.
Beto Ramos, no Fraternus.

sábado, 31 de maio de 2008

Tudo em comum

Ricardo Barbosa de Sousa

No livro dos Atos dos apóstolos há um pequeno trecho que descreve de forma magnífica a natureza e qualidade de vida da primeira comunidade cristã em Jerusalém (At 2.41-47). A descrição é fascinante, impressiona qualquer um que a lê, até mesmo os mais céticos e descrentes. O que vemos ali é o reino de Deus em ação, a concretização da oração que Cristo ensinou: “Venha o teu reino; faça-se a tua vontade, assim na terra como no céu...”.
Este relato contrasta com a história de uma outra comunidade (Gn 11.4), que decidiu construir uma torre que alcançasse os céus e fizesse seus nomes célebres e famosos. Falavam a mesma língua e tinham um projeto em comum, mas, em vez de criarem uma comunidade, criaram um altar para sua auto-exaltação. Este relato da Torre de Babel está presente na vida de todos nós. Na educação, política, trabalho e nos púlpitos de nossas igrejas, todos nós estamos construindo nossas torres, empenhados em tornar nossos nomes célebres. Queremos construir nosso próprio reino.
O Pentecostes tornou possível o reino de Deus entre nós. O povo de Atos 2 começa a viver o seu êxodo, dá os primeiros passos rompendo com o jeito que se vivia no “Egito” para viver o novo jeito ensinado por Cristo, e faz isto de forma natural e sincera, impulsionado pelo chamado de Cristo e pelo poder do Espírito Santo. A promessa do Espírito não foi para que os primeiros cristãos tivessem poder para se autopromoverem, mas para reafirmarem os feitos e o caráter de Cristo. Era um novo tipo de comunidade que nascia de um novo tipo de pessoa. Muitas vezes queremos uma igreja diferente que nos faça diferentes, mas não queremos ser pessoas diferentes que constroem uma comunidade diferente.
O relato de Atos nos diz que eles “perseveravam na doutrina dos apóstolos…”, que “diariamente perseveravam unânimes no templo”. Alguns tinham largado tudo e dedicado dois anos e meio de suas vidas para seguirem a Cristo. Eles permaneceram em Jerusalém da ascenção até o Pentecostes aguardando a promessa do Espírito.
Era uma comunidade de cristãos disciplinados. A graça não se opõe à disciplina; pelo contrário, é a disciplina espiritual que sinaliza nosso desejo espiritual. A igreja sofre quando tentamos viver sob a direção do Espírito Santo, mas sem disciplina, como também sofre quando tentamos viver com disciplina, mas sem o Espírito Santo. Era uma comunidade totalmente comprometida em tornar Jesus Cristo conhecido. Tudo nela apontava para Cristo. Suas orações, o partir do pão, o cuidado que tinham para com os outros, sua pregação e seu testemunho, a alegria da comunhão, a renúncia dos bens, enfim, tudo em suas vidas e ações apontava para Cristo.
O Êxodo continua. Estamos a caminho do céu. O testemunho dos dois varões vestidos de branco foi: “Esse Jesus que dentre vós foi assunto ao céu virá do modo como o vistes subir” (At 1.11). O mesmo Jesus que viveu entre nós, morreu pelos nossos pecados e ressuscitou para nossa esperança vai voltar e estabelecer definitivamente seu reino entre nós. Enquanto isto, somos chamados para ser sal da terra, luz do mundo e ovelhas no meio de lobos. Olhamos para o mundo, cultura, família, juventude, infância, guerra, drogas, prostituição, violência, desesperança, solidão, desespero, e percebemos que a humanidade precisa urgentemente de uma nova esperança.
O problema é que, quando olhamos para a comunidade de Jerusalém, reconhecemos, lá no fundo, um sentimento ambíguo. É um modelo de comunidade que admiramos, mas não queremos. Admiramos o amor sacrifical deles, mas não é este o tipo de amor que buscamos. Admiramos sua vida abnegada, mas não estamos dispostos a abrir mão do que temos por amor ao próximo. Achamos extraordinário o fato de que tinham tudo em comum, mas não abrimos mão de nosso individualismo. Confessamos a doutrina dos apóstolos, mas a negamos na prática. No fundo, não queremos uma comunidade assim. Mas ela é possível e o mundo anseia por ela.
Ricardo Barbosa de Sousa é pastor da Igreja Presbiteriana do Planalto e coordenador do Centro Cristão de Estudos, em Brasília. É autor de Janelas para a Vida e O Caminho do Coração.
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sexta-feira, 30 de maio de 2008

O PRINCÍPE CASPIAN - estréia dia 30 de maio nos cinemas brasileiros




Príncipe Caspian é o segundo filme da série cinematográfica As crônicas de Nárnia, que estréia nos Estados Unidos em 16 de maio e a previsão é de que saia por aqui no dia 30, segundo as últimas informações. Depois do sucesso de O leão, a feiticeira e o guarda-roupa, agora é a vez do segundo livro da saga de C. S. Lewis, publicado em 1951. Aliás, o livro chegou a ser publicado no Brasil pela Ediouro nos anos 80, com o título O Príncipe e a Ilha Mágica, com tradução de ninguém menos que o famoso cronista Paulo Mendes Campos.

A história traz os mesmos protagonistas da primeira aventura: Pedro, Susana, Edmundo e Lúcia, só que mais de mil anos depois – isso na contagem de Nárnia, o equivalente a apenas um ano no nosso mundo. Neste período, em que os quatro irmãos Pevensie estiveram fora de Nárnia, ela foi invadida pelos terríveis telmarinos. Diante de ameaça, as criaturas fantásticas e falantes tiveram que se esconder, mas o príncipe Caspian, herdeiro do trono, sonha em reviver a Antiga Nárnia. Para isso, invoca os reis do passado através da trompa mágica de Susana, que ela deixou antes de voltar para nosso mundo. Os tais telmarinos são, na verdade, piratas do mundo dos mortais que se perderam em uma ilha e foram abduzidos para Nárnia através de uma caverna.

Clive Staples Lewis (1898-1963), ou simplesmente C. S. Lewis, é considerado um dos maiores críticos literários, escritores de obras de ficção e teólogo do século 20. Muitos consideram que as figuras mitológicas utilizadas em seus livros seriam extraídas do paganismo, e portanto, incompatíveis com a fé cristã. Só que, assim como Cervantes, Lewis usa o sonho e a fala de animais para expressar suas idéias. Essa atmosfera de conto de fadas é justamente um dos méritos da obra – em uma carta para uma criança que era sua fã, ele diz que os pequenos têm facilidade para perceber, por exemplo, quem é o leão Aslam: uma figura de Cristo.

Lewismania
Desde o lançamento de O leão, a feiticeira e o guarda-roupa, em 2006, a obra de C. S. Lewis tornou-se mais conhecida e prestigiada pelo público brasileiro. Confira um pouco do que há para ver e ler:

Filmes – Além dos longas da série atual, a Focus Filme lançou As crônicas de Nárnia – Edição de colecionador, uma caixa com três DVDs com produções da década d e 90 da TV inglesa, contendo, além de O leão, a feiticeira e o guarda-roupa e Príncipe Caspian/A viagem do peregrino da alvorada e A cadeira de prata – cada um com mais de três horas de duração. Já Terra das sombras, de 1993 (Warner), é um filme ganhador de diversos prêmios, mas ainda inédito em DVD no Brasil, que narra um momento muito importante da vida de C. S. Lewis. Existe uma outra versão com o mesmo título que é ainda mais fiel àquele momento. Mas o desenho animado O leão, a feiticeira e o guarda-roupa, de 1979, pode ser encontrado a menos de 10 reais por aí.

Livros – Alma do leão, a feiticeira e o guarda-roupa, de Gene Veith (Danprewan); O imaginário em as crônicas de Nárnia, de Glauco Barreira Magalhães Filho (Mundo Cristão); Os bastidores de Nárnia, de Devin Brown (United Press); O Evangelho de Nárnia, organizado por Gabriele Greggersen (Vida Nova) (com um artigo meu) . Há ainda os sites: http://www.cslewis.com.br/ (nacional) e http://www.cslewis.com/(internacional). Já o site http://www.cslewis.org/é da Fundação C. S. Lewis.


(Publicado originariamente na revista Cristianismo Hoje, n. 4)

terça-feira, 6 de maio de 2008

Mui bíblica missão integral

Robinson Cavalcanti

Todos os seres e instituições existem com um propósito, construtivo ou destrutivo. Chamemos esse objetivo de missão. Muitas vezes, pessoas e instituições se afastam de seu objetivo original, ou o implementam por métodos inadequados ou ilegítimos. O pensador anglicano Michael Greene afirmou: “A Igreja ou é missionária, ou não é Igreja”. Jesus Cristo, se esvaziou, encarnou em uma cultura e uma conjuntura, rompeu barreiras sociais, exortou, realizou sinais e prodígios. Ele é o exemplo para a Igreja: o Messias prometido, que transformou água em vinho e bebeu fel na cruz — da festa ao martírio. Foi ele quem disse: “Assim como o Pai me enviou, eu também vos envio” (Jo 20.21b). A Palavra nos mostra o modelo da missão de Cristo, bem como da nossa: “Percorria Jesus toda a Galiléia, ensinando nas sinagogas, pregando o evangelho do reino e curando toda sorte de doenças e enfermidades entre o povo” (Mt 4.23). Para o comentarista da Bíblia de Genebra, “ensinar envolvia a comunicação da natureza e propósito do reino de Deus, como é visto no sermão do monte (caps. 4-7) e nas parábolas do reino (cap.13). Pregar era anunciar as boas novas de que o reino de Deus estava próximo, e que seus soberanos propósitos na história estavam sendo finalmente realizados. Curar, bem como ensinar e pregar, era sinal de que o reino já tinha vindo” (Mt 11.5).
Ele recrutou seus discípulos de diversos segmentos sociais e demonstrou que o reino de Deus não se identificava com nenhum dos partidos do seu tempo. O Messias era a Palavra viva, herdeira das palavras de Javé, libertando o seu povo da servidão do Egito, outorgando-lhe a Lei, falando pelos profetas. Na sinagoga de Nazaré, assumiu o seu messiado e a realização da profecia de Isaías: “O Espírito do Senhor está sobre mim, pelo que me ungiu para evangelizar os pobres; enviou-me para proclamar libertação aos cativos e restauração da vista aos cegos, para por em liberdade os oprimidos, e apregoar o ano aceitável do Senhor” (Lc 4.18-19). Esse texto não deve ser “espiritualizado”, ou “materializado”, pois nos lembra o ideal de Deus para uma ética social superior, no Ano Sabático e no Ano do Jubileu, a realização plena escatológica (o “ainda não”) e as possibilidades de fazer avançar na história os valores do reino (o “já”).
A missão da Igreja deveria ultrapassar a tentação localista de uma mera seita judaica, e se expandir por todo o mundo. O cristianismo é intrinsecamente expansionista, porque o evangelho deve ser levado “até os confins da terra” (At 1.8). O Espírito Santo no Pentecostes foi derramamento de poder e outorga de dons, para tornar possível o cumprimento dessa missão, que não é opcional, mas imperativa: “Ide”. Foi essa a obediência dos mártires, e a Igreja pagou um preço quando foi coerente, mas envergonhou o seu Senhor em tantos episódios pouco dignos, que, periodicamente, a chama para reforma e avivamento; para coerência e obediência. Evangélicos, continuamos a crer que a prioridade da missão é a evangelização, entendida como “... a apresentação de Jesus Cristo no poder do Espírito Santo, de tal maneira que os homens possam conhecê-lo como Salvador e servi-lo como Senhor, na comunhão da Igreja e na vocação da vida comum”.
Na Idade Contemporânea, o malabarismo mental de teólogos liberais forjou um universalismo salvífico, que descolou o Jesus histórico do Cristo de Deus, e terminou vendo “a face escondida de Cristo atrás dos orixás...”. No final do século 19 e início do século 20, nos Estados Unidos, a missão da Igreja foi dilacerada entre um “evangelho social” e um “evangelho individual”, unilaterais e parcializadores. A missão, tantas vezes atrelada a culturas, impérios e sistemas políticos ou econômicos, foi violentada e empobrecida. Aos extremismos liberal e fundamentalista, o evangelicalismo — com toda a sua história de piedade engajada, de um Wilbeforce ou um Lord Shaftsbury, herdeiro da pré-reforma, da reforma, do puritanismo, do pietismo, do avivalismo e do movimento missionário, com seu conteúdo de uma teologia bíblica e histórica, foi capaz de, principalmente com o Congresso e o Pacto de Lausanne, devolver à Igreja a sua missão recomposta: “o Evangelho todo, para o homem todo e para todos os homens”. É a missão integral, que, na resolução da Conferência de Lambeth, de 1988, dos bispos anglicanos, deve incluir e integrar as dimensões: a) proclamar as boas novas do reino; b) ensinar, batizar e instruir os convertidos; c) responder às necessidades humanas por serviço em amor; d) procurar transformar as estruturas iníquas da sociedade; e) defender a vida e a integridade da criação. Na América Latina destacamos o papel da Fraternidade Teológica Latino-Americana (FTL).
Somente um grande desconhecimento histórico ou uma grande má-fé podem ser responsáveis por se procurar identificar a Teologia da Missão da Igreja, evangélica, com a Teologia da Libertação, de premissas e história liberais. No meio de antigas e novas distorções, reafirmemos a mui bíblica missão integral.
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Retirado do site http://www.ultimato.com.br/ em 05 de maio de 2008.

segunda-feira, 28 de abril de 2008

Livrai-nos do Mal

Robinson Cavalcanti


Há forças satânicas atuando no mundo, apoiando a maldade dos homens. Há uma relação entre as potestades do mal e os poderes da terra: poderes políticos, econômicos e culturais. Há uma comunhão (nem sempre consciente) entre as potestades da maldade e os poderes promotores da perversidade.
Dimensões da maldade

O egoísmo, a agressividade, a desonestidade, a violência e a corrupção atestam à queda moral e espiritual dos indivíduos. O imperialismo, o colonialismo, o desemprego, a fome e a miséria são os edifícios sociais construídos pelos pecadores. Não só as pessoas pecam isoladamente, mas as nações, as classes sociais, as religiões, as etnias, as famílias também pecam coletivamente. A noção de "pecado social", ou em uma linguagem contemporânea, de "pecado estrutural", é um conceito claro no Antigo Testamento e tragicamente (intencionalmente?) esquecido ou "esquecido" pela Igreja de hoje.

Daí as contradições: o cristão honesto que trabalha em uma fábrica de armamentos e o cristão casto, cumpridor dos seus deveres em um escritório contábil que presta serviços a um narcotraficante. A teologia marcada pelo individualismo cultural do ocidente burguês não ajuda o discernimento.

Na recuperação da totalidade do ensino bíblico e da experiência histórica, cabe à Igreja perceber, discernir, denunciar, corrigir, apoiar e propor. A ministração espiritual eficaz é social e histórica, concreta e real, não no solilóquio das subjetividades espirituais, não no futuro, não no além, não nas nuvens.

A relação potestades espirituais da maldade versus poderes terrestres não será eficaz se somente combatida em um só dos planos: combate metafísico versus combate social, mas em ambos, simultaneamente, com igual determinação e coragem.

Quando a Igreja não percebe essa relação inseparável, ela parcializa a luta. Os extremos do evangelismo individual versus evangelismo social, Teologia da Libertação versus Teologia da Batalha Espiritual foram demonstrações de falta de discernimento, de cegueira espiritual ou de desobediência.

A maldade do mundo é um fato. Se a Igreja não leva isso em conta, ela parece irrelevante, como museu ou clube religioso. Se ela sabe da maldade e silencia, é pior. O pecado eclesiástico da omissão ou conivência, por alienação, ignorância, medo ou comprometimento. Se ela apóia o mal, aí nem se fala. E a História, de Constantino a Hitler, do racismo norte-americano ao sul-africano, atesta essa tragédia: igrejas ortodoxas e cristãos piedosos a serviço do mal.

O chamamento à conversão e ao novo nascimento a todas as criaturas, independente de suas classes ou ideologias, não substitui nem exclui o chamamento e a denúncia profética aos pecados estruturais das classes ou ideologias às quais se vinculam essas criaturas.


O Império do mal

Se o centro de poder deste mundo se concentra nos Estados Unidos, é de sua natureza que Satanás ali acampe o seu trono. Os dois poderes se unem para oprimir e corromper o mundo (tem sido assim com todos os impérios). A riqueza do mundo é sugada. Os povos se tornam escravos, não pelos mecanismos brutais do passado, mas pelos sutís e sofisticados mecanismos do presente.

Em cada país se encontram os seus Herodes, áulicos dos seus Pilatos. Em cada país se encontram os seus saduceus helenizados (americanizados), servos do império, tropas de ocupação dos seus próprios irmãos, defensores da "idéia única", do falso e imposto consenso.

Dentro do império, os seus cidadãos são mantidos na ignorância, pela ação da escola e da imprensa. Não sabem o que acontece no resto do mundo, se acham o centro dele, vendo-se em uma "missão civilizatória" de colonizar os bárbaros aos seus refrigerantes e aos seus sanduíches.

Dentro do império, as igrejas estão cheias de cultores da forma da Lei, de atletas de exercícios metafísicos, cegos à sua conivência com as potestades. São desobedientes arrogantes. São pecadores julgadores, a exportar para a periferia (com a hipócrita luz verde da moeda) seus modismos e esquisitices, suas heresias e suas neuroses. Como não denunciam nem contradizem as potestades terrenas (antes com elas vivem uma relação promíscua), têm de ocupar o seu tempo e energias com invencionices alienantes.

A globalização é uma farsa. Nunca ví rede de franquia de caldo de cana e pão doce em Washington, de tapioca em Londres ou de acarajé em Paris. Nunca vi festival de xaxado em Roma. Globaliza-se em mão única o poder, os interesses e a cultura (cultura?) da Nova Roma.

Os exploradores associados e os privilegiados da periferia, desenraizados culturalmente, gringos morenos, são um tragicômico espetáculo do vazio, da vaidade e da superficialidade. Algumas igrejas são o espaço "sagrado" para significativa (e crescente) parcela dessa gente, servos de Deus e de Mamom, cultores de um evangelho mutilado.

As mentes cristãs narcotizadas não conseguem ser tomadas de ira santa, não conseguem propor alternativas à heresia neo-liberal, não conseguem ser solidárias nem devolver esperanças aos que sofrem, devolver o sonho de um mundo novo, na reafirmação da Providência.


Pecado, feiúra e chatice

Não nos serve, tampouco, o exemplo e o modelo de uma civilização que não consegue aceitar o corpo criado por Deus. Andem pelas ruas do império: corpos muito gordos ou muito magros, desgraciosos, opacos, roupas deselegantes, para apenas vestir a matéria má. Corpos apenas instrumentos de trabalho. Tragédia puritana de Salém a Woodstock. Presidentes assassinados, assassinos seriais, a maior população carcerária do globo, pena de morte.

A compulsiva rigidez do recalque. O outro como inimigo e concorrente. A Lei e não a Graça. Trabalho sem prazer.

O distorcido cristianismo do império insidiosamente vai vendo crescer os seus seguidores nessa periferia de Santa Cruz. Discípulos da intolerância, inquisidores, julgadores, pretensos puros, cabeças irresolvidas a perseguir, discriminar e acusar os seus irmãos. Inseguros na convivência com a diferença. Incapazes do exercício do livre arbítrio. Jactanciosos, aprisionadores do texto sagrado (escribas e fariseus).

Este maravilhoso país, com sua beleza natural e a alegria exuberante do seu povo deve ter no cristianismo evangélico uma presença iluminadora e aperfeiçoadora do seu jeito de ser, de sua cultura e de sua identidade nacional.


Celebração da fé e da alegria.

Livrai-nos, Senhor, das opressões do império, do fanatismo e da chatice religiosa. Livrai-nos do mal. Amém.
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Robinson Cavalcanti é teólogo e cientista político, autor, entre outros, dos livros Libertação e Sexualidade e do clássico Cristianismo e Política publicado pela Editora Ultimato.

quarta-feira, 2 de abril de 2008

ESPIRITUALIDADE E MISSÃO URBANA


A Missão na cidade exige uma renovada espiritualidade. Reflete o caminho de Jesus na cotidianidade da vida e nas relações primárias entre as pessoas. Num momento em que as identidades desintegradas afastam o contato direto entre as pessoas, a Missão privilegia o relacionamento humano e aponta para uma aproximação mais personalizada.

A presença missionária revela-se menos nas palavras contundentes e nas argumentações que buscam convencer e mais na presença silenciosa de amizade. O modelo é o mesmo de Jesus, que caminha ao encontro do povo da Palestina e de Jerusalém, tornando-se companheiro de caminhada. Jesus é um peregrino que se ajusta às pessoas desanimadas e sem esperança. Escuta seus anseios e compartilha a flata de sentido dos acontecimentos e da história. Fala a partir do horizonte do outro e, com palavras e sinais, revela a profunda mensagem de Deus. No momento oportuno desaparece, deixando os discípulos continuarem o caminho.

A espiritualidade missionária da cidade relativiza a arrogância de conhecer tudo, tendo sempre a última resposta. A diversidade de caminhada e os fortes desafios do missionário um caminheiro que busca e encontra que ensina e aprende que oferece e recebe dons. O missionário é o discípulo itinerante na busca do essencial. Não fala a partir do próprio mundo, mas a partir do mundo do outro, de suas inquietações e de suas perguntas sobre o sentido mais radical da existência.

A espiritualidade missionária é marcada por uma vida simples, que se abastece somente da proximidade do outro, sem buscar convencer com grandes esquemas e argumentações. Carrega somente o indispensável pelo caminho: uma forte experiência de Deus, uma paixão radical pelo Reino e um amor incondicional às pessoas, não importa a que classe social pertençam e a qual religião estejam filiadas.

A espiritualidade missionária é centrada no serviço e na comunhão com as Igrejas particulares. Os missionários são hóspedes e peregrinos e, por causa disso, são sinais das coisas futuras que deverão acontecer.

A espiritualidade missionária se abastece da solidariedade para com os seres humanos, especialmente para com os mais pobres e sofredores. Assim como o rosto de Deus que Jesus veio revelar é um rosto compassivo e misericordioso, a espiritualidade da solidariedade faz do missionário um sinal da compaixão de Deus no meio das contradições humanas. A mão estendida e o gesto solidário tornam o missionário uma testemunha, mais que um mestre.

A espiritualidade missionária é uma espiritualidade do caminho. O missionário desloca-se constantemente.

Na Missão a proclamação do Evangelho acontece, sobretudo através do testemunho de vida, da essencialidade das coisas, da desacomodação constante, do silêncio e do cansaço do caminho. O missionário urbano faz da própria vida uma constante comunicação social: a palavra dita por ele é testemunhal. É uma palavra que ressoa em meio a outros discursos, às vezes vazio e arrogantes, e preenche as frestas, para dar sabor e sentido. É uma palavra que se torna carne na vida da pessoa da cidade.

A espiritualidade missionária é uma espiritualidade fortemente comunitária e eclesial. Busca as relações e faz da Palavra de Deus e da Celebração da Eucaristia o centro de uma vida fraterna, dom de Deus e construção do novo.

Enfim, trata-se de uma espiritualidade que, cada vez mais, está tornando um rosto e se fazendo, mas que precisa de mais tempo para se sedimentar. Tem a cor do rosto da pessoa humana, sem trair a inspiração profunda do Evangelho.


Fonte: http://www.ftsa.edu.br/cgm/asp/artigos.asp?offset=80#

segunda-feira, 31 de março de 2008

Missão Integral – a desnecessidade do nome e a necessidade do conceito*

Marcus Vinicius Matos**

C.S. Lewis dizia que a humanidade só anda pra frente quando uma geração compreende a geração imediatamente anterior a ela. Desafiados a pensar sobre a Teologia da Missão Integral, somos levados a crer que, graças a Deus, seu conceito influencia, hoje, toda uma geração de jovens comprometidos com o Evangelho de Jesus.

Todavia, isso leva a uma nova crise. Afinal, será que mais alguma coisa precisa ser dita sobre o tema? O que já não foi dito sobre Missão integral? Em um artigo publicado em 1994, Robson Cavalcanti atentava para o fato de que a Teologia da Missão Integral ficava “por fora” das igrejas, atingindo apenas os movimentos “paraeclesiásticos”. Perguntamos: será que isso mudou? Por outro lado, já ouvimos dizer que hoje a missão integral é feita em todo canto, mesmo por quem não sabe o que é a Teologia da Missão Integral. A prova disso seria o fato de que é praticamente impossível ver uma igreja evangélica na qual não exista pelo menos um trabalho de ação social.

Seja como for, de todas as aplicações possíveis da integralidade da missão, um assunto deveras sensível e de significativas diferenças entre as gerações que iniciaram a caminhada da Missão Integral em Lausanne e a geração de hoje, que pega o bastão, é a questão política. Mas não só a questão política eleitoral: nessa, os evangélicos já estão integrados, desde a ditadura. Trata-se da política que se faz também no Poder Judiciário; nas escolas e universidades; nas políticas coorporativas das empresas; e, sobretudo, no dia-a-dia comum do cidadão ordinário. E nisso, perguntamos: qual nossa capacidade de mobilização para lutar por direitos? Para promover a Justiça? Talvez não tenhamos explorado ao máximo o conceito de Missão Integral em sua relação com a política.

Como boa parte dos textos sobre Missão Integral foram escritos no contexto da Guerra Fria, era muito fácil perceber neles os embates ideológicos entre os conceitos clássicos de Esquerda e Direita. Hoje, no entanto, esses embates ainda existem, porém, com novos entornos. Não se trata mais de opor um comunismo despótico a um capitalismo ditatorial; trata-se de opor um “novo socialismo”, ou uma social democracia, a um neoliberalismo e a um governo de empresas multinacionais.

A Globalização parece ter gerado uma crise da qual o Estado-nação não conseguirá sair ileso. Ela não se restringe ao Estado: a crise global atinge também as estruturas culturais, políticas e sociais como um todo. Vivemos, nas palavras de Anthony Giddens, num “mundo em descontrole”, no qual o sistema político comum – com partidos políticos, fronteiras estatais e sentimento nacional – já não faz mais sentido. A grande oposição teórica que surge disso, segundo ele, seria entre um cosmopolitanismo e as diversas formas de fundamentalismo - no caso, cultural. Todavia, é necessário pensar de que forma essa oposição na cultura pode se refletir no contexto teológico.

Até mesmo o conceito tradicional de família foi abalado pela Globalização. Em recente estudo, um professor de sociologia francês alega que, na impossibilidade de definir um conceito de família na Europa contemporânea – devido a um número imenso de crianças que vivem em vários ambientes com pais divorciados, a casamentos entre pessoas do mesmo sexo, e ao surgimento de outras formas de família no estilo “friends” americano – define família pela “roupa suja”, ou seja, família seria aquilo que surge “quando duas pessoas compram uma máquina de lavar, ao invés de duas”. Isso é só pra ilustrar a gravidade do problema, e a necessidade de levar a sério a questão de “discernir os tempos” (I Crônicas 32:12), e ter uma pequena idéia de como o mundo mudou nos últimos 30 anos. É preciso compreender as mudanças para se posicionar diante delas.

No entanto, o que permanece inalterado? Certamente, a pobreza, a miséria e as - cada vez maiores - desigualdades entre os povos continuam presentes. Há quase 40 anos atrás, tratando de Missão Integral, Ronald Sider apontava para a necessidade de que cristãos ricos não se conformassem com os tempos de fome. Num capítulo que trata da questão do envolvimento político, ele aborda a importância de lutar contra a tirania das ditaduras marxistas e das empresas multinacionais, que ocorriam devido à concentração de poder econômico nos dois sistemas. Hoje, o professor Ulrich Beck, da universidade de Munique, depois de questionar a própria produção de estatísticas sobre o tema, conclui que o fluxo de renda dos países pobres para os países ricos aumentou; que o Globalismo Econômico tornou o mundo mais injusto do que era há alguns anos atrás.

Esse fato é um forte indício de que a Missão da Igreja continua a mesma. Apesar de mudanças políticas ocorrerem, a promessa de Jesus se cumpre a cada dia, e os pobres continuam entre nós. Contudo, há algo diferente: nossa responsabilidade aumentou na mesma proporção em que se multiplicaram os pobres.

Nesse início de Século XXI, Esquerda e Direita não são mais sinônimos de partidos políticos ou de ideologias bem definidas, mas sim de posicionamentos diante de questões como Direitos Humanos, Comércio Justo e Ecologia. Nesses dias, quando as relações econômicas globalizadas produzem mais pobreza e desemprego do que políticas públicas de educação; onde o sistema promove morticínios estruturais de classe nos presídios em detrimento de oportunidades de desenvolvimento humano; quando se criminaliza os pobres e se atribui às favelas os crimes do Estado. É nesse mundo que precisamos saber onde afincar a bandeira da Missão Integral.
Porém, mais do que a bandeira, importa resgatar o conceito. Assim, é útil o exemplo de Abraham Kuyper que, antes da criação disso que hoje entendemos como Teologia da Missão Integral, combatia um Estado que “causava condições sociais tão anormais que boa parte da população mal conseguia sobreviver”, e defendia uma política profundamente comprometida com a proteção aos trabalhadores e aos pobres.

Para os próximos anos, nosso principal desafio é esse: promover, de modo integral, a transformação da nossa política, da economia e da sociedade a partir dos conceitos Bíblicos. O que temos que fazer? Temos que recomeçar, cultivar a semente e reviver o espírito de Lausanne na nossa cidade. E como podemos fazer? Dentro de um mundo onde há ONGs e Movimentos Sociais que representam mais indivíduos que partidos políticos, e enquanto houver espaço para a democracia, é possível que o engajamento da Igreja de Jesus Cristo na Defesa de Direitos, movida pelo Espírito Santo, produza aquilo que tanto buscamos: Justiça.
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*Retirado so site: www.redefale.blogspot.com
** O autor é estudante da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), onde desenvolve pesquisa em Teoria do Estado. É também coordenador de Campanha da Rede FALE (www.fale.org. br).

quinta-feira, 6 de março de 2008

UM EXEMPLO DE ESPIRITUALIDADE BIBLICA



Introdução
Em toda a narrativa bíblica notamos a presença de homens que temeram a Deus e que desenvolveram uma espiritualidade a partir de um profundo relacionamento com Deus. Essa espiritualidade sadia e bíblica diz respeito a uma clara compreensão daquilo que somos e da Pessoa de Deus com quem nos relacionamos.

Temor, reverência, devoção, contrição, adoração, confiança e profundo desprendimento são características fundamentais para que Deus seja honrado pelo que é e para que haja um aprofundamento nesta espiritualidade que pretendemos desenvolver com Ele.

Neste relacionamento, onde temos Deus como alvo e Senhor de nossa espiritualidade, devemos entender que cada dia é um dia de aprendizado para nós seres humanos criados por Ele para o seu louvor e glória.

Dessa forma, encontramos na Bíblia exemplos de servos de Deus que desenvolveram uma espiritualidade coerente e respaldada nos Ensinos Sagrados. Personagens que aprenderam, em meio a situações contrárias e de profunda oposição, a ter e a manter esta espiritualidade bíblica.


O exemplo de um profeta
Um desses personagens que gostaríamos de destacar é o profeta Elias que carregava em seu nome o sinal de sua devoção e caráter - “Meu Deus é o meu Senhor!”.

No texto bíblico que registra os fatos mais marcantes da vida do homem de Deus, I Reis 17-19, notamos como sua vida foi marcada por eventos onde a graça e o poder de Deus foram evidenciados de forma bastante nítida. No entanto, também notamos um Elias com fraquezas e possuidor de uma personalidade marcada por momentos de melancolia acentuada.

No inicio do capitulo 17 de I Reis presenciamos o profeta vivenciando momentos de grande experiência com o sobrenatural, onde Deus manifesta a sua provisão através de corvos (v. 6), realiza um milagre na casa da viúva em Serepta (v. 14), ressuscita o filho da viúva (v. 22). Através desse ultimo fato a viúva pôde glorificar a Deus confirmando o ministério de Elias como profeta do Altíssimo (v. 24).

Porém, é no grande embate contra os profetas de Baal que o Deus de Elias, o nosso Deus, manifesta a Sua Grandeza, Majestade e Poder. Durante este evento podemos destacar os seguintes fatos: a) Elias confronta o Rei Acabe e o povo – “até quando vocês vão oscilar para um lado e para o outro?” (18.21); b) Logo em seguida, o profeta passa a restaurar o altar do Senhor que estava em ruínas (18.30-32); c) O profeta passa a clamar ao Senhor em oração e diz: “Responde-me, ó Senhor, responde-me, para que este povo saiba que tu, ó Senhor, és Deus, e que fazes o coração deles voltar para ti.” (18.37). Assim, Deus manifesta, mais uma vez, o seu poder e envia fogo como resposta a oração de Elias e ele consome todo o sacrifício e ainda lambe a água que estava ao redor; d) Como uma atitude imediata, o povo reverencia ao Senhor e declara em alta voz: “O Senhor é Deus! O Senhor é Deus!”.

Através destes fatos podemos retirar possíveis aplicações para a nossa vida devocional que de forma sucinta passaremos a destacar-las.



Espiritualidade a partir do exemplo
Há momentos em nossa vida cristã que nos afastamos da vontade de Deus para nós e isso leva que Deus use meios, ou pessoas, para nos confrontar e nos fazer amoldar a sua vontade. E diante desta confrontação Deus nos pergunta: “Até quando?”.

Até quando iremos balançar diante de outra possibilidade que não seja fazer a vontade de Deus? Até quando a possibilidade de realizarmos os nossos sonhos será a mais prazerosa e encantadora do que cumprir a vocação e o ministério que o Senhor nos concedeu? Até quando? Até quando? Até quando? .... Ressoa a pergunta do Senhor.

No entanto, além de nos confrontar, o Senhor envia a possibilidade de nos voltarmos para Ele e termos o nosso altar restaurado. Um altar onde o nosso EU é sacrificado todos os dias com as nossas vontades e desejos pecaminosos. Onde só existe lugar para oferecermos o mais profundo sacrifício que honra e glorifica ao nosso Pai.

Então, só assim, com as nossas consciências confrontadas e o nosso altar restaurado é que Deus pode manifestar o seu poder em nossas vidas e no meio daqueles que estão ao nosso redor. Como bem enfatizou Josué as vésperas da travessia do Jordão: “Satinfiquem-se, pois amanhã o Senhor fará maravilhas entre vocês.” (Js. 3.5).


Espiritualidade em meio às fraquezas
Mesmo assim, todas estas manifestações divinas que marcaram a vida e ministério de Elias não o livraram de ser seduzido por seu próprio coração e por suas fraquezas.

Em I Reis 19.3, lemos: “Elias teve medo e fugiu para salvar a sua própria vida.” Mas de que, ou de quem, Elias teve medo? Como um profeta que momentos atrás tinha enfrentando com ousadia a afronta de 450 profetas de um deus estranho viria a temer agora? Elias temeu por sua vida por causa das afrontas e ameaças que a rainha Jezabel fez contra ele, por isso ele fugiu.

Aqui, o profeta, parece irreconhecível. Diante dos profetas de Baal Elias demonstra valentia, coragem e um espírito destemido, porém aqui um ser humano fraco, frágil e temeroso por sua vida.

Com isso aprendemos que na vida cristã passamos por momentos semelhantes ao de Elias. Momentos onde Deus nos restaura, nos concede a sua graça e a sua unção para realizarmos a sua obra. Mas por causa de nossas próprias imperfeições, provocadas pelo pecado, falhamos e por isso deixamos de nos sentir super-crentes, poderosos e cheios de nós mesmos e passamos a sentir que somos realmente humanos, impotentes, vulneráveis e totalmente dependentes de Deus e de sua graça.

E para ensinar isso ao profeta Deus vai mais uma vez ao encontro dele, que estava escondido em uma caverna. Então, Deus lhe pergunta: “O que você está fazendo aqui, Elias?”. Mas parece que o profeta não entende a pergunta divina, então Deus se manifesta novamente, porém, agora, de outra forma especial. Deus usa um terremoto, fogo, no entanto a presença de Deus é manifestada através de um “murmúrio de uma brisa suave.” E assim, o Senhor, concede a Elias mais uma chance para responder a sua pergunta: “O que você esta fazendo aqui, Elias?”.

Esta é a grande pergunta que deveríamos responder para nós mesmo quando o Senhor que conduz a História nos leva para a caverna. Para aprender o que o Senhor me trouxe para aqui? Qual o objetivo de eu estar aqui na caverna?

Quando o profeta entendeu isso Deus pôde o encaminhar para a conclusão do seu ministério. Só depois de passar pela caverna é que ele pode continuar o ministério que recebeu do Senhor. Então, o Senhor falou para Elias: “volte pelo caminho por onde veio, e vá para o deserto de Damasco.” (19.15) A partir daqui o profeta recebe a missão de ungir aos lideres do povo e aquele que seria o seu sucessor (19.19-21).


Conclusão
Através do exemplo da espiritualidade que o profeta Elias desenvolveu em sua vida podemos entender que Deus deseja a nossa restauração. Apesar das nossas falhas Ele deseja nos usar na realização de sua obra, basta, tão somente, termos o altar de nossas vidas preparado diariamente para ouvir o que Ele tem a nos dizer e disposição em nosso coração para sacrificar vontades, sonhos e desejos e nos dobrarmos ao Senhor que é Rei do nosso viver.


Que Deus nos ajude!


Patrick Cezar da Silva
Sociólogo e Pensador Cristão
http://www.espiritoemissao.blogspot.com/

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*As citações bíblicas são da Nova Versão Internacional da Biblia (NVI).

quinta-feira, 28 de fevereiro de 2008

O Amor é o Maior de todos os Presentes



Mesmo que eu seja fluente em vários idiomas e domine minha língua materna e saiba me comunicar como os anjos, se não amar, serei como os ruídos do bronze ou como pratos que ecoam.

E, ainda que, tenha a capacidade de prever o futuro e desvende todos os segredos e domine todas as ciências; mesmo com uma grande fé, com o poder de remover o monte Everest do seu lugar, se não amar, serei totalmente insignificante.

E, mesmo ainda, tomado de um certo desatino, reparta gratuitamente tudo que possuo entre mendigos, famílias carentes e crianças de rua famintas e, altruisticamente, entregue meu corpo à um banco de órgãos, se, deveras, não amar, por nenhuma destas coisas serei retribuído.

O amor persevera na continuação de uma tarefa lenta e difícil, não é perigoso nem maligno; o amor não é consumido por um sentimento inquieto de exigências possessivas, de suspeitas e incertezas; não é jactancioso, não se enfatua, não se porta de maneira descabida e inadequada, é altruísta, não se enfurece, não guarda mágoas e não alimenta rancor; não se contenta com a injustiça, mas, exalta e se satisfaz com a verdade; o amor agüenta qualquer dor, oferece credibilidade, aguarda com tranqüilidade o tempo certo das coisas, resiste a qualquer impropério com resignação.

O amor não tem fim; ao contrário, de visões do futuro que deixarão de serem vistas; das línguas e idiomas que acabarão; das ciências e descobertas efêmeras; afinal de contas, conhecemos apenas parte de toda a verdade, e nos aventuramos em fazer conjecturas da outra parte. No entanto, quando intervir o incomparável, então, o que desconhecemos será revelado.

Já fui imaturo e sem experiência, falava e me expressava como criança, tinha sentimentos e emoções ingênuas, pensava e sonhava com coisas inerentes à adolescência; agora tornei-me um adulto maduro e experimentado e abandonei a postura e condutas infantis. E, só agora, consigo compreender que não somos donos da verdade. Que vemos apenas seus reflexos de forma difusa; mas, ainda enxergaremos de maneira nítida e íntima.

Por enquanto, conheço pouco; mas, então, chegarei a conhecer plenamente como também sou conhecido.

Então, agora, sustentamos a fé, a esperança e o amor; sobretudo o amor que está muito acima.
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Texto enviado pelo amigo Claudio Régis (comercial_grafjb@hotmail.com)

quarta-feira, 23 de janeiro de 2008

33º CONGRESSO NACIONAL DO DEMEC


Saiba mais notícias do 22° Projeto Missionário em Assú



Estamos entrando na ultima semana do Projeto Missionário aqui em Assú/RN, onde já pudemos contemplar o mover de Deus tanto nesta cidade quanto na vida de cada projetista. Até o presente momento tivemos várias decisões ao lado de Cristo através da evangelização às tardes e durante os cultos públicos à noite, nas proximidades da congregação. Algumas destas vidas já estão sendo discipuladas pela equipe do Projeto Missionário.

Fizemos um impacto na feira da cidade durante a manhã de sábado, quando dividimos a equipe em três grupos para que, através dos louvores e de curtas pregações, feirantes e consumidores pudessem conhecer um pouco do amor de Deus. Foi um momento em que várias vidas, em especial os moradores dos sítios da região, tiveram o privilégio de ouvir a Palavra do Senhor. Foi uma maravilhosa experiência para todos nós.

Pedimos a oração dos amados irmãos para que os habitantes desta cidade, que têm se impactado pelo evangelho, sejam quebrantados e percebam que o tempo de arrependimento é agora. “O povo de Assú é bastante receptivo, é um povo que se admira com o que a gente fala, mas tem um coração duro”, afirma o projetista Anthony de Pádua.

Vale salientar que por aqui há muitos desviados do Evangelho. Todos os dias nossa equipe têm evangelizado vidas que já conhecem a Palavra, mas que desistiram da caminhada ao lado de Cristo. Por causa disto, também pedimos aos amados que orem por estas pessoas para que se arrependam e encontrem forças em Deus para carregar todos os dias a sua cruz e não se envergonhar do Evangelho.

Contudo, a equipe do projeto missionário também tem visto Deus manifestar a sua glória nesta cidade. “Entramos num lar totalmente perdido, onde encontramos um casal que sofria por causa do vício da bebida. A mulher daquela casa estava totalmente desesperada por causa daquela situação... Quando pregamos o evangelho aquela vida decidiu se converter ao Senhor”, testemunha o projetista Anthony de Pádua, membro da 5ª IEC em Caruaru/PE.

Temos percebido a graça do Senhor também sobre as crianças. Para glória de Deus, a equipe que está trabalhando com elas tem visto o transformar de Cristo em suas vidas, inclusive algumas delas já dizem que são crentes e que continuarão freqüentando a Igreja mesmo com a conclusão deste projeto.

A importância do Projeto Missionário do DEMEC para nossa Denominação pode ser compreendida através do depoimento da Missionária Tatiana Moura, da IEC em Torrões/PE. “O projeto missionário foi a minha base. Meu primeiro projeto foi na cidade de Sousa/PB, e o que mais impactou minha vida foi a conversão de uma presidiária que se rendeu aos pés do Senhor estendendo suas mãos através das grades da cela”.

Para a missionária Tatiana, que se prepara para trabalhar entre os povos muçulmanos e já esteve em missão na Venezuela, sua participação em Projetos Missionários do DEMEC foi essencial para seu ministério. “Minhas muitas participações em Projetos Missionários foram fundamentais para o meu preparo e para o meu treinamento transcultural, porque quando entramos numa agência missionária enfrentamos as mesmas regras e as mesmas cobranças, por isso não encontrei dificuldades”.

A Missionária afirma também que o Projeto Missionário tornou-se um “facilitador no preparo de obreiros para missões” e louva a Deus pelo fato de a nossa Denominação ter entendido isto e ter investido nesta obra, pois “é nesse projeto que muitas vidas têm sido desafiadas para a obra missionária e recebem seu chamado e confirmação ministerial”, evidencia Tatiana.

Ressaltamos a presença fundamental do Pr. Aurivan Marinho, presidente da ALIANÇA em nosso meio. Também louvamos a Deus pela vida do Pr. Aluízio Teixeira, da IEC em Tobias Barreto, que com muito amor, tem abraçado esta obra e nos concedeu o privilégio de termos sua presença em nosso meio, juntamente com sua esposa Queite e seu filho Adriel, que estiveram conosco durante a semana que se passou.

No demais, agradecemos pelas orações dos amados irmãos e pelos telefonemas dos queridos pastores que têm se envolvido com o Projeto Missionário do Demec. Tão somente rogamos a Deus bênçãos sobre suas vidas e que o Senhor, a cada dia, amplie sempre mais a visão missionária de nossa Denominação. Quanto a nós temos em nossas mentes e corações a convicção que Deus tem honrado a nossa dedicação e trabalho por sua obra no sertão Potiguar e é Ele mesmo quem nos fará sair daqui cheios de alegria com os nossos molhos nas mãos.


Que Deus abençoe a todos em Cristo Jesus.



“Visto como na sabedoria de Deus o mundo não conheceu a Deus pela sua sabedoria,
aprouve a Deus salvar os crentes pela loucura da pregação” (I Co.1:21)


Caline Galvão
Projetista (1ª IEC de João Pessoa/PB)

quarta-feira, 16 de janeiro de 2008

Notícias do 22º Projeto Missionário em Assú/RN

Amados irmãos, a equipe do Projeto Missionário do DEMEC está feliz por poder sentir a fidelidade do Senhor por sua provisão e pelo apoio de nossas Igrejas para a realização de mais um trabalho missionário numa localidade carente do Evangelho.

O Projeto Missionário comemora, neste formato atual, dez anos de organização com evidente alegria e satisfação pelo apoio da denominação através de nossos líderes, pastores, missionários e igrejas que, pela graça do Senhor, têm atendido ao nosso trabalho enviando vidas para esta obra, apoiando financeiramente e intercedendo por nós.

O Conselho Missionário transparece felicidade pela consolidação deste trabalho que hoje é um marco em nossa Denominação, além de ser uma força singular na expansão do Evangelho através da ALIANÇA. "Temos dez anos de Projeto Missionário no atual formato e podemos observar uma estrutura organizacional do evento bem mais consolidada", afirma a Missª. Walkíria Campos, secretária do Projeto Missionário.

A liderança do evento pode sentir o amor de muitos pastores por esta obra, pois eles têm compreendido que este acontecimento é um meio de abrir trabalhos Congregacionais, fortalecer Igrejas e apoiar inícios de trabalhos como o que ocorreu no campo missionário em Custódia/PE, em 2007, campo missionário em Felipe Guerra/RN, em julho de 2007, e agora no campo missionário em Assú/RN, numa parceria com o DOM.

Com o número recorde de projetistas (140 pessoas), o 22º Projeto Missionário do DEMEC está ocorrendo na cidade de Assú, no sertão do Rio Grande do Norte, entre os dias 07 e 28 de Janeiro de 2008. Com mais de 50 mil habitantes e localizada nas proximidades de Mossoró/RN, Assú possui menos de 5% de crentes e um campo missionário da ALIANÇA liderado pelo Presbítero João Batista.

O Projeto em Assú está sendo liderado pelos membros do Conselho Missionário Pr. Marcone Carvalho, os Missionários Josélio Martins e Walkíria Campos, ambos obreiros do Campo Missionário da ALIANÇA, na cidade de Custódia/PE, e o irmão Firmino Geazy, membro da IEC Central de Caruaru/PE. Para auxiliar, também estão liderando este projeto o Pr. Márcio Luiz (IEC Casa Amarela), Missª. Tatiana Moura (IEC Torrões), Lidiane Bezerra (IEC Central de Campina Grande) e Edna Patrícia (IEC Macaparana).

Chegamos ao final da semana de treinamento cujas palestras foram ministradas pelo Pr. Marcone Carvalho, Pr, Anderson Firmino, Pr. Márcio Luiz, Missª. Tatiana Moura, Miss. Josélio Martins e Missª Walkíria Campos. No decorrer das manhãs e tardes, dentre muitas palestras, os projetistas receberam lições sobre religiões comparadas e estudaram a Bíblia com o objetivo de aprenderem a evangelizar e pregar, pois receberam também um estudo sobre homilética, a fim de que manejem bem a palavra da verdade (II Tm.2:15).


Estamos com grandes expectativas para nossa saída ao campo, momento em que iremos colocar em prática todo o aprendizado adquirido nesta primeira semana. "Estou muito feliz por estar neste projeto e espero que o Senhor nos use grandemente para o louvor da Sua glória, até porque Ele não nos deu espírito de covardia, mas espírito de intrepidez para pregarmos a Sua Palavra", fala com entusiasmo a jovem Niedja Moura, membro da IEC Central de Caruaru.

Equipe que ministrou o Treinamento para os projetistas

Continuando com nossas expectativas, Avelino Rodrigues, membro da I IEC de Timbaúba, explica que Deus tem falado particularmente a ele a respeito de "dependência total no Senhor para irmos às ruas pregar a Palavra de Deus". Ele também foi muito feliz ao relatar que "no momento em que nos disponibilizamos para fazer a obra do Senhor nada nos falta, pois até o suprir das nossas necessidades Ele mesmo nos concede".

É interessante salientarmos a divulgação deste evento que tem movimentado corações de crentes de outras denominações para estar conosco evangelizando. Um bom exemplo disso é o adolescente Igor Vinícius que impactado pelo testemunho de um amigo, membro de nossa Denominação, resolveu participar do Projeto passado e está novamente conosco. "Fui muito marcado pelo projeto em Custódia (Janeiro 2007) e de lá prá cá fiz grandes amizades com congregacionais. Desta vez eu mesmo corri atrás da inscrição para o projeto em Assú, e até trouxe um amigo". Igor é membro da Igreja Assembléia de Deus Betesda, em Caruaru/PE.

Apresentação teatral ao ar livre durante Culto Evangelistico

A Missª. Walkíria Campos, membro do Conselho Missionário, louva a Deus pelo fato de nossa denominação não medir esforços através de seu presidente e de sua diretoria que tem trabalhado juntamente com o Conselho Missionário e com a diretoria do DEMEC na divulgação do Projeto Missionário. "Por isso temos uma palavra de gratidão profunda ao Pr. Aurivan Marinho (presidente da ALIANÇA) que verdadeiramente tem participado dos projetos, pois entende que esta idéia tem sido uma bênção para a Denominação bem como para os nossos jovens", afirma Walkíria.
Visto que muitos obreiros têm sido vocacionados por Deus para a obra missionária durante o evento, e que o Projeto também é uma ferramenta para despertar o interesse dos projetistas pelos trabalhos de suas próprias Igrejas, fica um apelo aos amados irmãos para que, nas palavras do projetista Avelino Rodrigues, "intercedam por nós a fim de que o Senhor tome a direção de nossas vidas para sermos usados como instrumentos nas mãos do Deus vivo" e para que "vidas sejam salvas neste lugar".

Este é um resumo do muito que o Senhor já fez em nosso meio no decorrer desta primeira semana. Desejamos então que o nosso Deus abençoe aos amados irmãos, igrejas e pastores que, por amor a obra do Senhor e sobretudo por amor ao próprio Deus, têm se dedicado a esta visão missionária.



"Visto como na sabedoria de Deus o mundo não conheceu a Deus pela sua
sabedoria, aprouve a Deus salvar os crentes pela loucura da pregação"

(I Co.1:21)


Caline Galvão
Projetista (Membro as 1ª IEC de João Pessoa/PB)
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Veja mais fotos no site: www.aliancacongregacional.org.br