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quinta-feira, 30 de agosto de 2012

Por que somos contra o voto de cajado

*Caio Marçal

Estamos numa época realmente importante da vida política brasileira, pois chegou o tempo das eleições municipais. Sim, embora política não seja algo que se faça apenas em época de pleito eleitoral, apesar dos escândalos envolvendo autoridades escolhidas para gerirem o estado terem causado nojo e fomentado o desejo de grande parte de nossa gente a querer distância desse tema, apesar de tudo isso, cremos que a conquista do voto num país que por algumas vezes viveu longos períodos de ditadura, deve ser visto como uma avanço para nosso país.
Com o apoio da Rede FALE (cristãos que oram e agem em favor da Justiça), o grupo do Fale RJ começou a campanha “FALE contra o Voto de Cajado”, que tem como foco sensibilizar os cristãos quanto ao mau uso que alguns líderes religiosos fazem de suas funções para favorecer determinado candidato ou partido.
Agora, por que estamos realmente preocupados com isso? Será que não é perda de tempo fazer esse debate e simplesmente deixar “o circo pegar fogo”? Como cristãos e eleitores, enumeramos algumas questões que são necessárias para reflexão:

1 – Fé não se vende e não se negocia
A realidade é que estamos numa época(assim como em outros momentos) em que existem pactos espúrios com partidos ou candidatos para conseguir benefícios para igrejas ou denominações, como, por exemplo, a doação de terrenos para templos, obter concessões de rádios e TVs ou mesmo ter tratamento diferenciado perante a lei.
Esses são apenas alguns tipos de barganha, "acertos", acordos e composições de interesse que infelizmente costumam acontecer “por trás dos púlpitos” em tempos de campanhas eleitorais, envolvendo também políticos e candidatos evangélicos. A fé é sagrada! Não pode ser tratada como moeda para conseguir vantagens. É lamentável que a sede de poder e dominação, que tem contornos diabólicos, sejam ainda hoje uma tentação para muitos. O papel da Igreja na sociedade não é servir-se do estado, mas zelar para ser a consciência da sociedade e como bem disse o Pastor Batista Martin Luther King, “A igreja... não é a senhora ou a serva do Estado, mas, antes, a sua consciência... E nunca sua ferramenta!".
Deus não precisa de precisa de apadrinhamento político para cumprir seus propósitos na História e é Ele quem defende sua Igreja. A Igreja, antes de desejar os tronos desse mundo, só reina pelo Serviço, na busca da Justiça e pela propagação do Amor que encontramos nos braços afetuosos do nosso Pai Eterno.

2 – Deus não tem partido e nem ideologia
Uma das verdades mais radicais sobre Deus é que Ele não é refém de uma ideologia ou partido, e a causa do Reino de Deus não pode ser instrumentalizada em favor de quem quer que seja. Tentar identificar a fé cristã com esse ou aquele partido ou ideologia é o "X" da questão. Os líderes religiosos jamais podem esquecer que com Deus não se brinca e que não o nome dEle não pode ser usado em vão! Deus, que não é manipulado por mãos humanas, não pode ser tratado como uma marionete de projetos de poder, ou para favorecer preferências políticas pessoais, por melhor que pareçam.
O pastor pode participar da formação política de suas ovelhas? Sim! Somos a favor que haja nas igrejas um processo comunitário de reflexão, oração, e investigação de temas e os pastores e líderes devem se empenhar para que os crentes votem com ética e discernimento. Porém, a bem de sua credibilidade, o pastor deve evitar transformar o processo de elucidação política num projeto de manipulação e indução político-partidário. Ademais, no debate político-partidário, a opinião do pastor deve ser ouvida apenas como a palavra de um cidadão, e não como uma profecia, e a ética pastoral indica que ele não deve favorecer sua inclinação pessoal em detrimento aos outros irmãos.
A pluralidade que hoje é marca da igreja evangélica nos convoca a que não sejamos tutelados por posicionamentos de apoio a candidatos ou partidos dentro da igreja, sob o prejuízo de não apenas constranger os eleitores, mas causar divisão na comunidade de fé.

3- Que tipo de testemunho oferecemos para nosso povo?
O proceder fala muito mais do que nossa pregação. Se desejamos mesmo que nosso país seja transformado pelos valores do Reino de Deus, precisamos nos arrepender de certas posturas também no campo do debate político e perceber o estragos causados pela relação promíscua com o poder. O que dizer quando estes espalham boatos em relação a um político com a intenção de induzir os votos dos eleitores assombrados, na direção de um outro candidato com o qual estejam compromissados? O que falar de certos políticos que são ajudados pela prática do voto de cajado quando eles fazem a “oração da propina” ou das “sanguessugas evangélicas” que desviaram verbas públicas destinadas para a saúde do nosso povo?
Enfim, poderíamos citar ainda uma série de casos escabrosos que deixaram nódoas na imagem pública da igreja, mas a questão essencial é que esse tipo de prática frequentemente tem causado mau testemunho para os não cristãos e não é incomum os evangélicos serem tratados como massa de manobra por esses.

Nesse momento especial de nossa nação, cumpramos com integridade e espírito público nossa vocação de cidadãos brasileiros. Para os nossos irmãos de fé, nosso estímulo é:
“Pratique a justiça, ame a fidelidade e ande humildemente com o seu Deus”. Miquéias 6:8b

Em Cristo,
Caio Marçal – é missionário e Secretário de Mobilização da Rede FALE
 

Fale contra o voto de cajado

As eleições municipais de 2012 prometem ser as mais evangélicas de todos os tempos. E isso, no pior dos sentidos. Assim como no pleito presidencial de 2010, a temática religiosa e o “olho grande” no voto dos evangélicos se desenham como os grandes alvos dos candidatos para as eleições deste ano.

Uma reportagem publicada no Jornal O Globo, do Rio de Janeiro, em 05 de Julho, trazia a seguinte chamada: “No Rio, candidatos miram eleitor evangélico e áreas das UPP”. Outra matéria, no dia 27 do mesmo mês, o mesmo jornal denunciava: “Evangélicos usam estrutura de templos em suas campanhas”. Não há dúvida que para interesses duvidosos, os evangélicos são sim, um excelente curral eleitoral. Segundo o Censo de 2010, no estado do Rio de Janeiro, o catolicismo, religião historicamente dominante, tem perdido gradativamente o número de adeptos, chegando a menos de 50% da população. Em pelo menos 11 dos 19 municípios da região metropolitana, foram superados pelos evangélicos em número de fiéis.

Somam-se a estas informações, a triste realidade de parte do rebanho evangélico: pessoas fortemente orientadas por seus líderes, autoridades eclesiásticas que agem de “má fé” se colocando acima de qualquer ética, e se auto anunciando como porta-vozes de Deus. Um exemplo do resultado disso se vê na pesquisa realizada pelo Datafolha na já tradicional “Marcha para Jesus” deste ano, em São Paulo. Segundo dados apurados, pelo menos um terço dos fieis presentes àquele evento, o maior organizado por evangélicos em todo pais, certamente votariam no candidato indicado por seu pastor. Outros 34% disseram que talvez votassem e apenas 33% disseram que não votariam em candidatos apoiados pela igreja. Ou seja, no total, 65% dos que foram à Marcha Para Jesus são direta ou parcialmente influenciados pelos comandos das igrejas na eleição.

Reconhecendo esta realidade e interessados em propor discussão e oferecer elementos que, de alguma maneira, sugiram caminhos para transforma-la, integrantes da Rede Fale no Estado do Rio de Janeiro promovem a Campanha Fale Contra o Voto de Cajado (em alusão ao voto de cabresto, sistema tradicional de poder, característico do coronelismo). A mobilização pretende ser uma voz ativa, durante o período eleitoral, contra a utilização dos espaços e posições eclesiásticas para a promoção inescrupulosa da política e manipulação dos rebanhos. As atividades se darão basicamente por meio de comunicação nas redes sociais com imagens, vídeos e textos provocativos e de reflexão, além da realização de fóruns e debates sobre a temática fé e política em datas e locais a serem divulgados.

O material da campanha já está disponível a partir de hoje, e será acrescido gradativamente durante a campanha nos canais da Rede na web (facebook, twitter, site e youtube). Como é característica do Fale, todos aqueles que se identificarem com a causa podem e devem participar, replicando o material para o maior número possível de pessoas, reunindo grupos em comunidades locais para orar, promover discussão e reflexão sobre os temas abordados na campanha e até mesmo sugerindo e promovendo outras formas de atuação.

Ore:

- Pelos pastores e líderes, para que busquem uma vida de acordo com o que pregam sem o uso e abuso de sua função eclesiástica para manipular o rebanho em seus próprios interesses.
- Pela formação política (conscientização) da sociedade brasileira como um todo, para que haja libertação das amarras ideológicas construídas ao longo da História, reproduzidas de diversas formas para que tudo permaneça como está.

-Para que os cristãos tenham voz profética para a transformação da realidade na qual estão inseridos, não suportando injustiças de todas as formas, corrupções e mentiras.

Fale! Porque juntos podemos fazer um barulho construtivo.
 
 
 

sexta-feira, 27 de julho de 2012

Fazendo a diferença em nossa geração*

Prof. Patrick Cézar

Dentro dos diversos relatos missionários da Igreja de Cristo no passar dos séculos, sempre ouvimos narrativas de pessoas que marcaram a sua geração através de seu exemplo de vida e de dedicação ao Reino de Deus. Dentre eles podemos citar o casal Kalley que vieram ao nosso país com o propósito de fazer diferença em sua geração.
 Outro exemplo que nos chama atenção é o caso dos jovens estudantes da Igreja Moraviana que renunciaram o conforto de suas casas e a segurança e proteção de suas famílias para de dedicarem exclusivamente à obra missionária. Foram jovens que marcaram a sua geração.
 Ao olharmos para a narrativa bíblica vemos o caso de Daniel e de seus amigos que não «permitiram contaminar com as iguarias do Rei da Babilônia», mas se mantiveram firmes e por isso marcaram sua geração e puderam ouvir a confirmação do milagre de Deus na vida do Rei ao declarar que somente o Deus de Daniel é único e Senhor Soberano no Universo.
 Desde 2010, Deus tem concedido a nossa Igreja (1) uma estratégia de evangelização que tem promovido uma revolução em nossos departamentos (crianças, adolescentes, jovens, mulheres e homens). Nestes últimos Acampa Jampas (2) temos presenciado o poder de Deus ser manifestado de forma profunda e extraordinária. São verdadeiros milagres que nossos olhos têm contemplado. Famílias restauradas, vidas libertas de vícios (bebida e drogas, por exemplo) e como o mais maravilhoso – vidas salvas da condenação do inferno e de domínio do pecado. Mais isso ainda não é tudo! Deus tem muito mais para nós.
 Creio que Deus deseje nos usar para uma grande revolução que não será promovida por nossas próprias forças ou estratégias de evangelismo criativo, mas pela poderosa ação do Evangelho que é poder de Deus para a salvação de todo aquele que crer. (cf. I Co. 1.18). Mas como tudo isso acontecerá?

 Para podemos participar disso tudo temos que assumir três posturas fundamentais.

 1. Buscarmos a Deus em Oração e Santificação. "Disse Josué também ao povo: Santificai-vos, porque amanhã fará o SENHOR maravilhas no meio de vós." (Josué 3.5). Quando oramos e nos santificamos temos a garantia que tudo o que realizamos será conduzido pelo Senhor, pois estaremos mais sensíveis a sua voz e ao seu direcionamento. Além de que com uma postura de oração e santificação entendemos que todos os nossos resultados serão, única e exclusivamente, para o louvor e glória de Deus.

 2. Confiemos em sua ação poderosa. “Àquele que é capaz de fazer infinitamente mais do que tudo o que pedimos ou pensamos, de acordo com o seu poder que atua em nós,” (Efésios 3.20). Somos apenas instrumentos de Deus para o seu agir. É desejo de Deus de nos usar dentro de sua obra com poder e graça. E é através de sua graça que podemos ver o seu poder se manifestar de forma plural. Mas precisamos que todo poder é somente dele e que somos apenas instrumentos. Deixe Deus te usar par a manifestação de sua glória!

 3. Sermos cheios do Espirito Santo.“E não vos embriagueis com vinho, em que há contenda, mas enchei-vos do Espírito” (Ef. 5.18). Ser cheio do Espírito Santo é ter todas as ações de minha vida direcionadas por Ele. É ser sensível para ouvir a voz de Deus e confiar que ele sempre tem o melhor para a minha vida. É poder ser direcionado para onde Ele nos enviar na certeza de que é Ele, e não nós, que estamos indo naquela direção. Ser cheio do Espírito Santo é amar mais a Deus e a sua Casa. É ter fome e sede de sua presença e sua Palavra. É odiar ao pecado e tudo aquilo que não condiz com verdade do Evangelho.

 Queridos irmãos e irmãs, Deus deseja que sejamos protagonistas nesta grande revolução promovida pela pregação do Evangelho e Ele já tem demonstrado sinais desse seu desejo, através de tudo o que Ele tem realizado, nesses últimos anos, em nossa Igreja.  Dessa forma, seja um desses protagonistas e permita ser usado por Ele para alcançarmos a nossa cidade, o nosso país e as nações com a Palavra do Evangelho.

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Notas
* Texto publicado no Boletim Dominical Informativo da Primeira Igreja Evangélica Congregacional de João Pessoa do dia 29 de julho de 2012, artigo de capa.
(1) Referência a Primeira Igreja Evangélica Congregacional de João Pessoa.
(2) Acampa Jampa se refere a parte de uma estratégia de evangelização de adolescente e jovens em contexto urbano criado no ano de 2010 por um equipe de adolescentes e jovens da Primeira Igreja Evangélica Congregacional de João Pessoa.