Seguidores

quarta-feira, 12 de setembro de 2007

DISCÍPULOS QUE CUMPREM A MISSÃO DA IGREJA

O pensamento missionário contemporâneo se desenvolve a partir das diversas discussões e debates promovidos por diversos Congressos ocorridos no Brasil e na Europa. Estes congressos tinham como objetivo principal discutir a obra de evangelização no mundo e a partir das várias reflexões produziram documentos que contribuíram para se ampliar a forma de se pensar a Obra de Missões no Mundo.

Podemos citar alguns destes Congressos e respectivos documentos:
a) Congresso internacional de Evangelismo e Missões em Lausanne, na Suíça em 1974, onde surge o Pacto de Lausanne;
b) Congresso Missionário Estudantil (ABUB) na cidade de Curitiba em 1976, onde surge o Pacto de Curitiba;
c) Congresso Brasileiro de Evangelização em 1983 em Belo Horizonte/MG;
d) Congresso Brasileiro de Evangelização 2 (CBE2) em 2003 em Belo Horizonte/MG;
e) Congresso Missionário Estudantil (ABUB) na cidade de Viçosa/MG em 2006;

Durante estes congressos se pensou acerca da Missão da Igreja e o seu cumprimento, por isso na década de 80 muito se falou em “ir”, em se “enviar missionários”, e muitos foram. Dezenas e até centenas de pessoas se dispuseram a “ir”. Dessa forma, naquela época, se construiu a idéia de que o missionário era apenas aquele que rompia barreiras transculturais e passava a viver em uma outra cultura como um nativo. Além disso, fazer missões para muitos pensadores em missões daquela década significava IR, CONTRIBUIR ou ORAR. E só!

Assim, cria-se uma visão limitada e comodista do Cumprimento da Missão da Igreja, resumindo-se apenas aqueles que vão. Então, se eu recebo um chamado especifico e sobrenatural, EU VOU! Caso contrário fico e transfiro a minha responsabilidade a outro, que foi “eleito” para ser missionário. Mas deste contexto ideológico que moveu (e move) muitas igreja ainda hoje, surge um questionamento: E aquele que não recebeu este chamado “sobrenatural especifico”, o que ele deve fazer? Só orar? Só contribuir? Só?

Diante deste questionamento que têm inquietado muito pensadores na área da Teologia da Missão da Igreja, vamos nos basear na idéia que a Missão da Igreja se manifesta em “cada ato de serviço para o qual Deus envia o seu povo redimido ao mundo”.

Em um dos seus sermões de despedidas, antes de ser assunto, Jesus entrega aos seus discípulos o que os missiólogos chamam de GRANDE COMISSÃO (Mt. 28.16-20).

Em Mateus 28.17, podemos destacar a oposição entre Adoração e Duvida que ocorreu quando Jesus aparece aos discípulos depois de sua ressurreição. Enquanto a reação de alguns foi de adoração a de outros foi de duvida, isto significa que os apóstolos não eram super-crentes, mas homens iguais a nós e passiveis de emoções e sentimentos positivos e negativos. Haward Peskett no diz: “A grande comissão não foi dada a gigantes espirituais, mas a um grupo normal de aprendizes devotados mas falhos”. (p.159). Assim, a partir do verso 18 Jesus passa a falar da Grande Comissão propriamente dita e é a ela que iremos nos deter.

Ao apresentar a Grande Comissão Jesus passa a refletir sobre a sua própria autoridade - “Toda a autoridade me foi dada nos céus e na terra” (v. 18b), ou seja, ele faz UMA AFIRMAÇÃO DE SUA AUTORIDADE. A construção frasal desde verso propõe uma idéia de passivo divino, ou seja, “Foi-me dada toda a autoridade”, que significa “Deus me deu toda a autoridade”. Provavelmente esta frase foi construída assim devido o objetivo e público alvo para o qual Mateus estava escrevendo, pois tinham profundo respeito pelo nome divino.

Esta autoridade de Cristo é demonstrada pelos seguintes fatores: a) Ele ensinava com autoridade – “porque ele as ensinava como quem tem autoridade e não como os escribas”. (Mt. 7.29); b) O centurião romano trata Jesus de forma que reconhece a sua autoridade (Mt. 8.9); c) Jesus tinha autoridade para perdoar pecados (Mt. 9.6); d) Delegou autoridade aos discípulos (Mt. 10.1); e) Sua autoridade era reconhecida pelo Pai (Mt. 11.27). E ainda mais, ele é Senhor cheio de autoridade que reina e governa sobre toda a Criação e sobre os seus servos, então Ele manda e os verdadeiros discípulos obedecem.

Em segundo lugar, vemos UM MANDAMENTO SOBRE A SUA MISSÃO que pode ser destacado no verso 19, 20a que diz: “Portanto ide, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo; ensinando-os a observar todas as coisas que eu vos tenho mandado”.

A conjunção “portanto” que inicia este verso liga as duas sentenças, a anterior e a posterior. Assim, este mandamento só ganha sentido por causa da sentença anterior que Jesus profere: “Toda a autoridade...”. Dessa forma, Jesus envia os seus discípulos, pois tem a autoridade para isso.

Nesta sentença o verbo principal recai na expressão “fazer discípulos”, é aqui onde fica o imperativo. Numa tradução literal do texto teríamos: “Por toda a parte façam discípulos de todas as nações: batizem e ensinem; aonde o Senhor lhe plantou façam discípulos: na escola, no trabalho, na universidade, na família de vocês, em sua vizinhança, façam discípulos!”. Comentando este texto Peskett diz o seguinte: “Fazer discípulos significa trazer pessoas à escola de Jesus, incluí-las entre os seus seguidores; implica em compromisso radical e de longo prazo”.



Assim, notamos que o verdadeiro discípulo de Cristo deve ter impregnado em seu ser o sentimento de que ele pertence ao Senhor e que os princípios e valores do Reino devem fazer parte do seu dia-a-dia, na escola, faculdade, trabalho, família, igreja, etc. Temos que lutar a cada dia para não “tomarmos a forma do mundo” (Rm. 12.1 - NVI). Nossa ética é a Ética do Reino que tem Cristo como Rei.

Por fim, destacamos UMA PROMESSA SOBRE A SUA PRESENÇA, conforme o verso 20 - “e eis que eu estou convosco todos os dias, até a consumação dos séculos”.

Jesus ao comissionar cada um dos seus discípulos ao mundo ele não os deixa ao acaso, guiados por suas próprias vontades e projetos, mas promete está ao lado de cada um deles, pois se assim não fosse nós não teríamos êxito em cumprir nossa missão. E só conseguiremos cumpri-la por causa da presença de Cristo conosco.

Esta certeza estava tão clara na mente do evangelista Mateus ao registrar este fato no seu evangelho que não relata o fato da ascensão de Jesus, pois acredita que o Mestre nunca se ausentara do meio do seu povo. Nos Evangelhos Jesus é chamado de Deus Emanuel, o Deus Presente, o Deus Conosco, por isso não devemos temer no cumprimento de nossa Missão ao Mundo, ele estará presente nos ajudando no cumprimento da Missão, aonde ele nos plantou. Quer seja como médico, advogado, pastor, missionário, antropólogo, sociólogo, arquivista, administrador, comerciante, professor, no balcão de uma farmácia, ou no atendimento de um cliente em um das lojas de um Shopping... Peskett nos lembra: “Jesus promete estar com eles em sua missão como fora ‘Deus-com-eles’ em sua vida o dia inteiro e por todos os dias até o fim dos tempos”.

Só conseguiremos cumprir a nossa Missão como igreja do Senhor quando vivermos como verdadeiros discípulos. Discípulos que amem ao mestre acima de todas as coisas, que se submetem a sua vontade e vivencias em seu cotidiano os princípios e valores do Reino de Cristo, pois só um verdadeiro discípulo pode gerar outro discípulo. Jesus nos envia a fazermos discípulos por onde quer que passemos!

“Eu tenho um Chamado,
Jamais vou me calar!
Eu tenho um
Chamado,
O Evangelho anunciar!
Eu fui escolhido
Do ventre da minha mãe,
Eu sei que Deus não abre de mim...”

(Um Chamado, 4 por1)

Patrick Cezar da Silva

Nenhum comentário: