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terça-feira, 30 de outubro de 2007

POLÍTICAS PÚBLICAS PARA A JUVENTUDE: momento de participação!

Jovens: ‘vós sois fortes, e a palavra de Deus permanece em vós,
e sois vencedores do Maligno’.

(I Jo 2.14)

Nós – jovens evangélicos de onze diferentes denominações e provenientes de 12 unidades da federação, atuantes em nossas igrejas e/ou em organizações evangélicas de juventude – conclamamos os jovens e as jovens evangélicas a participarem dos processos relacionados às discussões sobre as Políticas Públicas de Juventude em curso no Brasil neste momento.

Ao olharmos para a Igreja Evangélica Brasileira percebemos um enorme potencial para a transformação social. De certa forma, a afirmação de que o jovem contemporâneo é apático em relação a qualquer tipo de organização, não se aplica à juventude evangélica. É notável a importância que a igreja dá aos jovens, dando-lhes ministérios como o de louvor e adoração, diaconia, etc. Porém, é preciso que nossas igrejas percebam a capacidade de cada jovem em ser uma agente de transformação. Deus nos chama para sermos profetas em meio a um mundo extremamente desigual economicamente, culturalmente e religiosamente. A juventude evangélica não pode restringir sua participação à organização eclesial; é preciso arregaçar as mangas e amar cada brasileira e brasileiro, reconhecendo neles a imagem de Deus.

Nosso contexto não é muito animador, dados do IBGE, DIESSE, Ministério da Educação, Instituto Cidadania, Banco Mundial, BID, CEPAL, PNUD e UNESCO nos ajudam a dimensionar a situação da juventude no Brasil:

(a) São acerca de 50 milhões de pessoas, 26,4% da população;
(b) Entre os desempregados, 45,5% são jovens; 20,7% são os jovens que possuem alguma ocupação.
(c) Cerca de 3 Milhões de jovens não são alfabetizados. De cada 10 alunos que terminam o 3º ano do ensino médio, 4 destes têm mais de 17 anos e estão em defasagem escolar;
(d) No período entre 1993 a 2002, os homicídios envolvendo jovens passou de 30.586 para 49.6470; as mortes de jovens representaram 62,3% de mortes neste período de 9 anos.
(e) Os jovens sofrem mais com a pobreza do que os idosos. Há uma concentração da pobreza entre a população jovem latino-americana que supera a média de outros estratos populacionais.

Além destes dados, temos uma crise de desesperança que invade o coração de muitos de nós e da juventude de nosso país. A geração atual tem sido chamada de “geração desencantada”. É presente entre muitos jovens a opção simplista de apatia. Mas, também em dias de total desencanto, Deus visitou Ezequiel (Ez 1.1). E, hoje, clamamos ao Senhor para que Ele também nos visite e recebamos dele visões, assim como Ezequiel. Como os profetas, queremos viver os dois eixos da visão: a real visão do mundo que o cerca, do sofrimento causado pelo pecado; e também receber do Senhor visões da Sua glória e do Seu poder, do Seu amor por essa geração que perece sem Ele.

Entendemos que Deus nos chama ao inconformismo (Rm. 12.1-2), e o santo inconformismo nos direciona para um comprometimento inegociável com o Reino de Deus e a Sua justiça. Porém, a simples inconformação nos levaria a amargura e ao desespero. O que esperamos é experimentar a vontade de Deus no mundo. Assim, queremos ser santos como o profeta Isaías, ou como o pastor Martin Luther King Jr., defensor das igualdades entre as raças e dos direitos civis nos Estados Unidos, que escreveu na carta da prisão de Birmingham: “Tenho chorado de desapontamento com a frouxidão da igreja...” (...) No alto do Calvário três homens estão pendurados em cruzes pelo crime de extremismo: dois extremistas da imoralidade e um extremista do amor. O mundo precisa mais do que nunca de extremistas criadores.”

Os últimos anos têm representado momento propício para a participação na esfera política, uma vez que estamos sob uma democracia em que elegemos nossos governantes há quase vinte anos. Diferentemente do que vivíamos na ditadura, em que o Estado se encontrava em oposição à população; hoje ele é fruto do voto e do desejo da maioria. Temos o dever e o direito de acompanhá-lo, fiscalizá-lo, questioná-lo, influenciá-lo e criticá-lo. Além disso, consideramos que o chamado à construção do Reino de Deus é uma tarefa muito maior do que as escolhas que possamos fazer. Ele nos chama tanto para lutar pela emancipação das pessoas de sua situação de opressão (“soltes as ligaduras da impiedade, desfaças as ataduras da servidão, deixes livres os oprimidos e despedaces todo o julgo” Is 58:6); quanto nos pede para vesti-las e saciá-las a fome (“é também que repartas o teu pão com o faminto, e recolhas em casa os pobres e desabrigados, e, se vires o nu, o cubras, e não te escondas do teu semelhante” Is 58:7).

O que está em jogo neste momento são discussões que dão subsídios e suporte para toda uma legislação e ação de Estado para a Juventude, definida pela legislação como o período de tempo entre 15 e 29 anos. A Conferência Nacional de Juventude pretende contribuir na mudança da compreensão da sociedade sobre o tema juventude: promover o direito à participação; identificar desafios e prioridades de atuação para o poder público; e fortalecer a rede social e institucional relacionada ao tema. Antes da Conferência Nacional, que acontecerá em Brasília de 27 a 30 de abril de 2008, acontecerão etapas preparatórias como as Pré-Conferências e as Conferências Livres, e as etapas eletivas, que elegem delegados para a etapa nacional, que são as Conferências Municipais e as Estaduais. Maiores informações sobre a Conferência Nacional de Juventude podem ser encontradas no sítio http://www.juventude.gov.br.

Ocorrerá no dia 10 de dezembro a Assembléia de Eleição dos Representantes da Sociedade Civil, que definirá a composição do Conselho Nacional de Juventude (CONJUVE) para o Biênio 2008 a 2010 (edital disponível em http://feppj.wordpress. com). Identificamos este momento como adequado e crucial para uma maior e efetiva participação das juventudes evangélicas nas Políticas Públicas de Juventude, as organizações interessadas devem se inscrever até o dia 1 de novembro. Com o objetivo de aprofundar e ampliar o debate, gostaríamos de convidar as organizações de juventude evangélicas e seus colaboradores para participarem do II Seminário de Políticas Públicas de Juventude, evento que ocorrerá no dia 09 de dezembro, em Brasília. Maiores informações poderão ser encontradas em http://feppj.wordpress. com ou pelo endereço eletrônico: ppj@abub.org. br.

Esta conclamação é fruto de nosso encontro, no qual nos reunimos para orar, ler a Palavra, conhecer e discutir as Políticas Públicas de Juventude de nosso País. Este momento ocorreu em Brasília, entre 14 e 16 de setembro de 2006, no Seminário de Políticas Públicas de Juventude organizado pela Rede FALE e pelo Movimento Evangélico Progressista (MEP), com o apoio da Visão Mundial e do CONJUVE. Esperamos poder contribuir na reflexão e nas práticas em prol de um maior engajamento social, político e cidadão dos cristãos evangélicos, assumindo uma perspectiva crítica tanto em relação ao papel do Estado como da sociedade civil organizada. O mundo precisa de jovens, homens e mulheres, pobres de espírito, mansos, que tenham fome e sede de justiça, misericordiosos, limpos de coração, pacificadores, que sofram perseguição por uma causa justa, por que deles é o Reino dos Céus. Acreditamos que Deus é poderoso para fazer uma transformação em nossa sociedade muito maior, além daquilo que pedimos ou pensamos, segundo o poder que em nós opera.

Assinam:

Alexandre Brasil, Rio de Janeiro/RJ, FALE, Presbiteriana;

Ariane Caixeta, Goiânia/GO, ABUB, Cristã Evangélica;

Caroline Santos, Brasilía/DF, MEP, Grão de Mostarda;

Christie Temporim, Belo Horizonte/MG, MEP, Batista Nacional;

Elteney Júnior, Goiânia/GO, MPC, Presbiteriana;

Elter Nehemias, Brasilía/DF, FALE, Congregacional;

Felipe Locatelli, Hortolândia/SP, MEP, Nazareno;

Franqueline Terto, Maceió/AL, FALE, Batista;

Helivete Bezerra, Recife/PE, MEP, Batista;

José Silva Júnior, Belém/PA, MEP, Assembléia de Deus;

Leandro Ambrosio, Belo Horizonte/MG, JUBAM, Batista;

Leandro Silva, Natal/RN, FALE, Casa da Bênção;

Patrick Timmer, Campinas/SP, ABUB, Luterana;

Ricardo Nascimento, Mata S.João/BA, MEP, Batista;

Robinson de Souza, Londrina/PR, MEP, Presbiteriana;

Ronilso Pacheco, São Gonçalo/RJ, Fórum 21, Comunidade S8;

Sergio de Freitas, Vitória/ES, JUMOC, Batista;

Shalon Lages, Salvador/BA, JUMOC, Batista;

Tatiana Koschelny, Bauru/SP, ABUB, Batista.

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